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Professor Trindade

Pouca gente teve conhecimento desse time que existiu no bairro de Jaguaribe, porque teve duração muito efêmera.

O Clube Esportivo Guarany foi criado por mim, em 1973, quando era um garoto de 16 anos, logo que cheguei a João Pessoa, oriundo de Patos, com a romântica intenção de fazer frente ao famoso “Canto da Vila”, do lendário Moacyr (não sei se Moacyr ou Moaci).

A ideia foi levada ao amigo Ricardo Amadeu e ao irmão deste, Sérgio. Fundou-se, então, o pretenso rival do “Canto da Vila”, e, de imediato, filiou-se à Liga Jaguaribense de Futebol Amador, tendo (o time) eu como presidente. O hino do clube (letra e música) foi criado por mim; bem como ficou a meu critério a redação dos Estatutos da entidade.

Apesar de torcedor do Flamengo, tive que aceitar um antigo uniforme do Fluminense, que o pai de Ricardo guardara, desde a infância, e emprestou, com muito ciúme, cautela e inúmeras recomendações, àquele grupo de garotos, porque não havia fundos para se comprar a indumentária, por motivos óbvios: todos os integrantes do time não tinham qualquer renda ou “mesada”.

Conforme disse, a duração foi efêmera, mas o Guarany se igualou ao rival, pelo menos no único confronto entre os dois: 3 x 3.

O jogo de estreia de nosso time foi em Cruz das Armas, no dia 20 de maio de 1973.

Era uma manhã chuvosa; atuamos contra o Grêmio de Pessoa, um time já consagrado no bairro. O campo encharcado, a bola escorregadia; fui considerado o culpado (como sempre, derrotas sobram para o goleiro), e perdemos “de lavagem”: 10 x 1!

A partida desencorajou a quase todos. Muitos falaram em desistir, mas, depois de muita argumentação, dissuadi-os da ideia. Salvou-me, também, o fato de que já estavam agendadas duas partidas e ficaria feio para nós. Prometi que ganharíamos na próxima e que eu “fecharia o gol”. Não falei nada, para não parecer “desculpa de cego”, mas acho que houve boicote – ou, no mínimo, desleixo – de alguns integrantes.

Nessa partida, atuamos com Trindade (nesse tempo, eu era chamado de João); Leto, Marcos, Aílton e Zé Carlos; Walter e Osvaldo; Jorge, Ricardo, Alberto e Romildo (Sérgio).

No segundo jogo, que aconteceu no mesmo dia, à tarde, nos redimimos.

Conforme eu prometera, vencemos o Grêmio, na Vila Popular, no campinho onde hoje é a feira, em Jaguaribe, por 2 x 1, com gols de Alberto, no segundo tempo, para o nosso time. Não registrei, na época, o nome do jogador que marcou pelo adversário.

Atuamos com Trindade; Emanuel, Marcos, Martinho e Zé Carlos; Carlito e Walter. Sérgio, Osvaldo, Alberto e Ricardo.

O time de Pessoa não se conformou e marcamos um tira-teima, que aconteceu em 26 de maio de 1973, novamente na Vila Popular. Vencemos por 3 x 2, com gols nossos de Ivan (1º tempo) e Alberto (2), no segundo tempo.

Jogamos com Trindade (Jair); Osvaldo, Marcos, Martinho e Zé Carlos; Carlito, Leto e Emanuel; Sérgio, Alberto e Ivan.

O JOGO HISTÓRICO

Aconteceu no dia 2 de junho de 1973, na Vila Popular, à tarde. Enfim, enfrentávamos o grande rival, o temível “Canto da Vila”, que se sentia ofendido pela ousadia de havermos criado outro time naquela área de Jaguaribe, para fazer frente a eles: consideravam “uma desfeita”. E cantavam vitória: “Vamos ganhar de lavagem!”.

A partida terminou empatada: Guarany 3 x 3 Canto da Vila.

O jogo foi tão complicado que houve duas vezes mudança de arbitragem; a partida teve, portanto, três árbitros: Vevé – Roberto Paredes – Jair

Os Gols: Miltinho (hoje, o professor e acadêmico da APL Mílton Marques Júnior), Deca e Pinguim (2º tempo) para o Canto da Vila e Paulinho (contra), Leto e Alberto (2º tempo) para o Guarany.

Guarany: Trindade; Ricardo, Marcos (Sérgio); Wálter e Zé Carlos (Romildo); Carlito, Leto e Emanuel; Jorge, Alberto e Ivan.

Além do bom resultado, a partida teve um gosto especial para mim: defendi um pênalty, cobrado por Carlos.

Pouco tempo após esse jogo, por motivos de que não me recordo, o Guarany se acabou. Continua, porém, vivo na memória, como um marco das minhas primeiras experiências na capital.

Eis o hino do Guarany, de minha autoria (letra e música),composto na época:

HINO DO GUARANY

Tricolor, tricolor,

tua glória há de surgir…

Tricolor, tricolor,

para sempre Guarany.

Quando eu vir o tricolor

brilhando com sensação,

cada gol, cada vitória

balançará meu coração.

Ele é fibra, ele briga,

luta sempre até morrer.

E seu futuro está marcado:

É vencer, vencer, vencer.

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