A semana começa com grande expectativa em relação aos novos passos a serem dados na Paraíba para contenção do avanço da pandemia. São quatro semanas de medidas de restrição de várias atividades, inclusive com toque de recolher à noite, e dois fins de semana de fechamento do comércio. Em que resultaram todas as medidas?
Uma percepção mais aprofundada somente será possível com análises mais detalhadas que só os cientistas e técnicos podem avaliar. No geral, porém, os números dos boletins epidemiológicos vão dizer que a situação até parece ter se agravado ou ainda está em evolução.
De acordo com o boletim desse sábado, foram contabilizados 1.300 novos casos nas 24 horas anteriores, com 29 óbitos dos 45 acrescentados à soma das mortes no estado. No fim da primeira semana de março, foram anotados 1.218 casos em 24 horas, com 23 mortes.
Em 23 de fevereiro, quando os decretos foram anunciados, a Paraíba contava 213.227 casos da Covid-19 e 4.379 mortes. Agora são 245.564 casos e 5.167 mortes. São 32.337 casos a mais, com média de 1.293 casos por dia (levando-se em consideração o período de 23 de fevereiro a 20 de março). A média de mortes no período é de 31,52/dia, sem levar em consideração 71 óbitos ainda em estudo.
São gravíssimos os quadros das macrorregiões do Sertão e da Grande João Pessoa, tanto em registros de casos quanto na situação de ocupação de leitos de UTIs (98% e 93%, respectivamente).
Diante deste contexto, governador e prefeitos vão adotar medias ainda mais rígidas, deixar como está ou podem até recuar e não reeditar os decretos?
Os estudos têm revelado que, na verdade, o estancamento do avanço da pandemia onde se decretou lockdown começa geralmente a partir da quinta semana e não em 15 dias como se pretende por aqui. No Ceará, a curva de casos começou a ceder na última semana, assim como ocorreu em Araraquara e alguns países.
A questão central na Paraíba agora é a seguinte: as medidas adotadas até aqui são suficientes? Se a resposta for sim, talvez tenhamos apenas que aguardar mais uma ou duas semanas. E se não forem suficientes? Aí será preciso mais discernimento e coragem dos gestores estaduais e municipais.
Destaque-se que não há mais tempo para penar nem é mais permitido alimentar qualquer dúvida sobre possíveis desgastes políticos em relação ao que fazer. Não vale alegar que o problema é nacional nem será possível jogar toda a culpa em Bolsonaro.