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Josival Pereira

Prefeito em exercício, secretário e diretora de imunização tentaram de todas as formas, nas últimas horas, explicar os problemas da vacinação em João Pessoa.

Os argumentos usados na tentativa de explicação foram muitos: ansiedade da população, dificuldade dos usuários de fazerem o agendamento em aplicativo, grande procura de pessoas fora do dia certo para aplicação da segunda dose e falta de vacinas por causa de atraso na remessa pelo Ministério da Saúde, entre outros.

Ocorre que os números oficiais da vacinação no portal da Prefeitura sugerem outra versão.

Consta lá que João Pessoa já aplicou 150.072 doses de vacina contra a Covid-19, sendo 122.860 de aplicações de primeira dose e 27.212 da segunda dose.

Deste total, 80.859 (65,8%) das doses são do tipo CoronaVac, distribuídas pelo Butantan, e 37.419 (30,4%) são da Astrazeneca, da Oxford.

Aqui entra a versão dos números. Como praticamente não há aplicação de segunda dose da Astrazeneca (0,18%), subtraia-se, então, 37.419 do total de 122.860 primeiras doses aplicadas e se tem o resultado de 85.441, que são as doses de CoronaVac ministradas.

Assim, era para se reservar a metade (42.720) para aplicação em segunda dose. Mas só foram aplicadas 27.212 doses e não existem mais vacinas em estoque. Ou seja, o déficit é de 15.508 doses e foram os idosos que deveriam ser beneficiados com estas doses que se empurraram ansiosamente no Espaço Cultural.

Os gráficos mostram claramente que houve avanço da vacinação de primeira dose entre os dias 17 e 27 de março, momento em que João Pessoa se adiantou a idade de vacinação. E houve comemoração e aplausos por isso.

O que os números revelam, no entanto, é que a decisão (política) de adiantar a faixa etária de vacinação, na esperança de que não houvesse problema de remessa, gerou o problema de agora. Parece ter havido um claro equívoco de planejamento.

Lembrando a filosofia de relógio antigo: muitas vezes, adiantar não adianta.

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