Vigário por muito tempo em Piancó (PB), cidade com a qual se identificou e onde se fixou até à morte; membro da Academia Paraibana de Letras (ocupou a cadeira 29), intelectual querido e respeitado na pequena cidade do Sertão, Padre Otaviano ostenta duas obras que merecem destaque na literatura paraibana: O Chefe Político e Os Mártires de Piancó; este último, rebatizado, mais tarde, com o título A Coluna Prestes na Paraíba.
O Chefe Político constitui, segundo Virgínius da Gama e Melo, “um honesto esforço de pesquisa histórica, o relato da vida do feudo, do latifúndio em pleno nordeste, no mais íntimo do nordeste”. Acentua, ainda, o crítico: “Destaca-se no Padre Otaviano que sua obra, embora possuindo esse sentido de análise e compreensão do fato histórico-social, projeta-se de verdade para o ficcional (…) para isso muito terá concorrido a sua profunda radicação ao ambiente que representa, se fazendo toda a sua obra de ligação sensível com aqueles seres, mundos e coisas”.
Já Os Mártires de Piancó se encontra mais para o universo biográfico, sociológico e histórico. A obra ressalta menos a passagem da Coluna Prestes pela Paraíba, que a vida e lutas do Padre Aristides, chefe político e sacerdote piancoense que resolveu desafiar – e logrou êxito – a oligarquia dos Leite. A Coluna Prestes vai entrar na história como um acidente político que levou à morte e à notabilidade o padre, que (traído pelos Leite?) foi vítima da fúria dela.
OBRAS
Emboscadas do Destino (1939)
Thomas Cajueiro (1939)
Inácio da Catingueira (1949)
O Chefe Político (1951)
Os Mártires de Piancó (1954)
(Texto meu, publicado no Livro “Coletânea de Autores Paraibanos” – Secretaria da Cultura, Esporte e Turismo, 1987. Autores: Sérgio de Castro Pinto (coordenador), Ângela Bezerra de Castro, Chico Viana, Hildeberto Barbosa Filho, João Batista B. de Brito e João Trindade).
Momento de poesia
Onde Andarás
(Ferreira Gullar)
Onde andarás, nesta tarde vazia
Tão clara e sem fim
Enquanto o mar bate azul em Ipanema
Em que bar, em que cinema
Te esqueces de mim
Enquanto o mar bate azul em Ipanema
Em que bar, em que cinema
Te esqueces
Eu sei, meu endereço
Apagaste do teu coração
A cigarra do apartamento
O chão de cimento existem em vão
Não serve pra nada
A escada, o elevador
Já não serve pra nada a janela
A cortina amarela, perdi meu amor
E é por isso que eu saio pra rua
Sem saber pra quê
Na esperança talvez de que o acaso
Por mero descaso
Me leve a você
Na esperança talvez de que o acaso
Por mero, descaso
Me leve
Eu sei