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Josival Pereira

Os primeiros dias da semana estão sendo marcados pelo reajuste, determinado pela Petrobras, de 8,9% no preço do diesel nas refinarias. Os preços nas bombas sempre variam e chagam bem mais elevado aos consumidores.

O novo aumento do diesel provoca nova atonia na população. Os consumidores estão de moral baixa porque sabem que os efeitos nos preços de produtos e serviços serão inevitáveis. Haverá aumento de preços em cascata. Além disso, vem o abatimento resultante da sensação de impotência e frustração em relação às autoridades do país.

Pior que a chegada de mais um aumento nos preços dos combustíveis é o contraponto disso com as informações sobre a magnífica situação financeira da Petrobras. A imprensa especializada registra que estatal de petróleo brasileira é, no momento, a mais lucrativa entre as grandes petroleiras do mundo.

A Petrobras conseguiu converter 31,6% de suas receitas em lucro no primeiro trimestre de 2022. Só perdeu para a chinesa CNOOC, que registrou 37,7% de lucro sobre suas receitas. Mas no volume do lucro líquido a Petrobras foi imbatível: R$44,5 bilhões nos três primeiros meses do ano. Superou as gigantes internacionais.

Anote-se em dólar, a moeda do setor: o lucro líquido da Petrobras foi de US$8,6 bilhões; a Shell ficou com lucro líquido de US$7,1 bilhões; a Chevron teve lucro líquido de US$6,3 bilhões; a ExxonMobil contabilizou lucro de US$5,5 bilhões, e CNOOC, que teve o maior faturamento bruto, conseguiu lucrar US$5,4 bilhões. Outras grandes ficaram bem para trás.

Os números mostram que a Petrobras só pensa em grandes lucros, fazendo a festa de seus acionistas, entre eles a União, que já recebeu de dividendos R$447 bilhões entre janeiro de 2019 e março de 2022 (período do governo Bolsonaro), o que daria para bancar 5 anos do Auxílio Brasil (R$89 bilhões por ano).

A grande questão que está na mesa é saber se a Petrobras deveria ter preocupação com os consumidores ou somente com seus acionistas. Há quem defenda que, em relação aos consumidores, bastam a transferência de dividendos para a União e os impostos pagos ao governo (R$53,8 bilhões). São recursos que voltariam à sociedade através de obras e serviços. É essa a filosofia que hoje comanda a Petrobras.

Sendo assim, o brasileiro não teria razão para reclamar dos preços dos combustíveis e a Petrobras estaria certa em focar no mercado internacional. Aproveitando-se da guerra na Ucrânia, mais precisamente do boicote à Rússia e do aumento do barril, a Petrobras aumentou em 23% as exportações de petróleo nos últimos meses. Falsamente, então, usa a guerra para justificar as altas de preços nas bombas.

Pela história e a sensação de pertencimento que o brasileiro cultivava, a Petrobras poderia ter uma maior responsabilidade social, focando também em ações para dentro do Brasil. Talvez cuidando de ações de refino do nosso petróleo.

O problema é que o petróleo continua sendo nosso. Já a Petrobras, não.

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