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Professor Trindade

O plural de modéstia

Você já ouviu falar em plural de modéstia? Está um pouco fora de moda, mas existe; é usado mais comumente em solenidades e, quando isso acontece, percebe-se uma interrogação calada na plateia.

O que é plural de modéstia e qual a função?

O plural de modéstia acontece quando você, mesmo se referindo apenas à sua pessoa, usa o verbo no plural (pessoa nós). Por exemplo: o professor chega à sala de aula e diz: “Pessoal, nós chegamos atrasados porque tivemos um problema grave antes de vir para cá”. Esse tipo de construção, outrora muito usado por advogados, professores, na comunicação com um auditório, tem a finalidade de abrandar o discurso e fazer com que a pessoa não pareça pernóstica, antipática. Certamente é bem mais agradável do que dizer: “Pessoal, eu cheguei atrasado porque (…)”. Nessas situações, o uso da primeira pessoa do singular geralmente soa agressivo.

É interessante notar que, sendo uma só pessoa que fala, é admissível colocar o pronome no plural, mas o predicativo no singular: “Nós chegamos atrasado porque (…)”. De minha parte, prefiro colocar o predicativo também no plural: “Nós chegamos atrasados porque (…).

Pronome de interesse

Construção bem mais popular, o pronome de interesse é bastante usado, sem que as pessoas saibam que ele existe. Acontece em construções como: “Não me atrase o pagamento do aluguel de novo, por favor…”. Esse me não tem qualquer função sintática na frase, servindo, apenas, como ênfase. Note que é diferente de eu dizer: “Não me diga nada, por favor…”. Aqui, o pronome exerce a função de objeto indireto. A construção equivale a “Não diga nada a mim”.

Verbo vicário

Hoje é o dia das coisas “estranhas”, não leitor?

Verbo vicário é aquele que substitui toda uma construção verbal anterior. Por exemplo: “Devia ter entregado o trabalho, mas não o fiz”. O verbo fazer, aí, substitui o verbo entregar, caso fosse usada a construção “normal” e esperada: “mas não entreguei”.

Momento de Poesia

Encantamento

(João Trindade)

Eu te direi palavras doces

e tingirei teu corpo de mel

Sem me lambuzar.

Eu saberei amar em silêncio

como amam as pedras

como brilha a luz.

E saberei caminhar pelo teu céu

sem fazer alarde.

Eu te darei um gozo infinito

e farei do teu grito

uma eterna oração.

(Poema do meu livro “Algoz de Mim”, a ser lançado no início de 2025).

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