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Professor Trindade

Uma das aguardentes mais populares do Nordeste é, sem dúvida, a Pitú, de Vitória de Santo Antão, Pernambuco. Chama a atenção, no rótulo dela, o nome Pitú, com acento, uma vez que tal grafia “fere” as regras vigentes de acentuação gráfica.

E por que o dono da Pitú não mandou consertar, até agora, a grafia?

Creio que, primeiramente, por uma questão de marketing: quanto mais uma marca chamar a atenção, melhor. Em segundo lugar, porque Pitú, escrito dessa maneira, concernentemente à marca, não está errado, uma vez que as regras ortográficas (incluindo as de acentuação) não alcançam e não afetam registros notariais eos de marca. Por esse motivo é que temos Manuel e Manoel; Terezinha e Teresinha. De modo que se você está se referindo ao tipo de camarão escreverá pitu; mas se vai se referir à cachaça, grafará Pitú.

Maizena ou maisena?

Depende!… Se você está confeccionando a nota da feira e vai se referir à famosa marca, é com Z; mas se está se referindo ao produto (farinha de amido de milho) é com S.

Cavalcanti ou Cavalcante?

Depende, também!… Não são duas famílias; mas sim, uma só. É mito aquela história de dizer que Cavalcanti (com i) é dos ricos e Cavalcante (com e) é dos pobres (“ladrão de cavalo”).

Aqui, na Paraíba, temos dois Cavalcanti (com i ou com e). Os Cavalcanti do sertão (oriundos de São José de Piranhas e baseados, também, em Piancó e Pombal), os da região de Umbuzeiro (os Cavalcanti de Albuquerque, do famoso ex-presidente João Pessoa) e os da região de Pilar (do grande escritor José Lins do Rêgo (sim, com acento mesmo)).

No caso da minha família (pelos menos na minha casa), a salada é geral!… Há uns com i; outros com e

A história é a seguinte:

Havia em Piancó (cidade em que nasci) um tabelião chamado Pedro Lima de Azevedo, conhecido por “Pedoca”.

“Pedoca” era uma figura. Como tabelião, misturava os nomes da gente. Por exemplo: meu Cavalcante é com E, enquanto o de outros meus irmãos é com I; eu sou João Trindade Cavalcante, enquanto alguns irmãos meus são Cavalcanti Trindade; e por aí vai… Os erros contavam com a conivência do meu pai, é certo, porque Zé Trindade deixava um papelzinho com os dados do filho para, muito mais tarde, quando precisasse, ir buscar o registro. O mais engraçado, porém, é a certidão de casamento de minha mãe. A princípio, é Cavalcanti; algumas linhas mais à frente, no mesmo documento, é Cavalcante.

Não sou chegado a cachaça, sou mais o meu rum Bacardí (sim, com acento mesmo: registro é registro!); mas se o leitor é chegado, pode tomar sua Pitú, acompanhada de camarão pitu como tira-gosto (inclusive, hoje em dia mais barato do que carne bovina).

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