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Lázaro Farias

Todo mês de maio é a mesma coisa aqui na Paraíba. Começa o debate sobre os gastos com as festividades juninas.

O exercício é cansativo, não apenas pela mesmice do tema, mas também porque é exaustivo, discutir sobre algo que nunca se aponta uma solução. Falta sinceridade de governos e oposições, leis duras, pulso firme das autoridades e consciência por parte do povo.

Num debate honesto, não precisa muito esforço para alcançar a compreensão de que, quase todas as cidades da Paraíba, jamais poderiam realizar os gastos que fazem com as festividades juninas.

O parâmetro para se fazer essa afirmação é simples. As mesmas cidades que realizam essas festividades com gastos milionários, registram altos indicadores de pobreza e miséria, muitas vezes sem esgoto, água tratada, coleta e destino adequado do lixo, lançando suas populações numa situação de caos, obrigado as pessoas a viverem inclusive com sérios problemas de saúde.

Em várias cidades que divulgam suas encantadoras programações juninas, com direito a atrações de repercussão nacional, solicitações de exames médicos e consultas, completam aniversário de um ano, nas gavetas das secretarias de saúde.

É o forró tocando no “terreiro”, enquanto as ruas sem pavimentações ficam alagadas, repletas de lama na chuva e cobertas de poeira na seca. Um deboche com a sociedade.

Falta creche, merenda escolar de qualidade, praças, transportes, fortalecimento da agricultura e pasmem, nas cidades onde o gasto com o São João é milionário, muitas vezes falta investimento na própria cultura, porque o dinheiro de promover as políticas públicas do ano inteiro é gasto numa noite.

Diante da combinação de tudo que mostrei, afirmo que contrassenso maior não iremos encontrar. Os gastos com os eventos, diante das inúmeras demandas que cada cidade apresenta, se opõe a lógica. Beira a irracionalidade.

Não existe argumento bom o suficiente, que seja capaz de amenizar tamanho absurdo. Numa casa onde falta comida, água e outros itens básicos, o dono jamais poderá pensar em comprar ingressos para um show ou fazer uma viagem, antes que o fundamental seja resolvido. É a mesma coisa numa cidade, só que as proporções e as consequências, são ainda maiores.

O São João é uma festa linda, de tradição, deve ser comemorada e celebrada por toda a população. Mas, cada municipalidade faça isso sem exagero, com honestidade, zelo, transparência e dialogando com as populações, sem deixar faltar o básico para fazer o supérfluo.

O povo também precisa saber fazer escolhas inteligentes. Entendendo que algumas noites de festa, não podem levar embora direitos essenciais que impedem sua própria condição de dignidade.

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