Depois de uma rodada de entrevistas em emissoras de rádio da Paraíba, o ex-prefeito Luciano Cartaxo foi reaparecer em Brasília num encontro com a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, e o coordenador nacional do Grupo Tático Eleitoral (GTE) do partido, deputado José Guimarães.
Não havia especulações sobre a possibilidade dessa reunião. O que se noticiava era que Cartaxo estaria na agenda de visita de Lula à Paraíba no fim deste mês de julho ou em agosto. O evento acabou surpreendendo e virando a principal notícia desta terça-feira.
Todos os textos reproduzem a informação, atribuída ao próprio ex-prefeito da Capital, de que o encontro teria tido o objetivo de discutir o cenário político no país e da Paraíba, buscando alternativas para formação de uma frente de centro-esquerda para a disputa das eleições de 2022. Fala-se ainda sobre a abordagem de problemas sociais como o desemprego e outros indicadores sociais em baixa no país, além de elogios a Lula.
Somente isso?
Obviamente que não. Há um detalhe no encontro do ex-prefeito Luciano Cartaxo com a direção nacional do PT que talvez mereça uma atenção mais destacada. É a presença do coordenador nacional do Grupo Tático Eleitoral (GTE), deputado José Guimarães.
Mais ou menos assim: um encontro com Lula gera uma grande foto e uma boa e amistosa prosa; com Gleisi Hoffmann, discute-se filiações e divergências locais, mas quando Guimarães entra é sinal de que a reunião ganha sentido mais concreto, com a discussão de alianças políticas, possíveis candidaturas e táticas eleitorais.
Cauteloso ao extremo, Cartaxo não vai revelar tudo o que foi discutido neste encontro de Brasília. Nem Gleisi Hoffmann. Muito menos o deputado José Guimarães. Mas talvez não seja demais inferir que a direção nacional do PT passou a se preocupar mais efetivamente com a situação política na Paraíba. Existe uma ocorrência a caminho, que é a filiação do ex-governador Ricardo Coutinho, que pode gerar, em consequência, a inviabilidade de aliança com o governador João Azevedo. Assim, Cartaxo pode ter entrado no radar do PT.
Dispõe de credenciais. Foi prefeito por oito anos da maior cidade do Estado, saiu da Prefeitura com boa aprovação, tem se posicionado contra Bolsonaro, defendido Lula e se colocado no campo da centro-esquerda. É fato que deixou o PT lá atrás, mas sempre cultivou uma relação de respeito com o partido. E tem dito que quer ser candidato. Pode dar samba.