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Josival Pereira

O ministro Edson Fachin não conseguiu impedir a 2ª Turma do Supremo Tribunal (STF) de pautar o Hbeas Corpus do ex-presidente Lula arguindo a suspeição do ex-juiz Sérgio Moro.

Como esperado, o ministro Gilmar Mendes usou seu voto para esculachar Moro e expor Lula como um perseguido, além de contrapor Fachin, que decidiu pelo arquivamento do recurso.

Decisões e posições dos dois ministros beneficiam Lula. Uma anula condenações por reconhecimento de incompetência da Justiça Federal do Paraná para julgar os feitos. A outra considera Moro suspeito e anula a condenação no caso do Triplex de Guarujá.

Por que, então, dois ministros do STF brigam para beneficiar Lula? E por que eles se confrontam se ambos querem beneficiar o líder petista?

O problema é que talvez Lula seja apenas o alvo visível de uma disputa que tem a Operação Lava Jato como pano de fundo. Em jogo, na verdade, está a luta contra a corrupção no país.

Nas refregas dentro do STF, a Lava Jato, por exemplo, já foi do céu ao inferno. Numa primeira fase, todas as decisões do então juiz Sérgio Moro foram referendadas, incluindo a prisão de Lula. Mas agora vive o inferno de ser derrotada sistematicamente.

No princípio, Gilmar Mendes era defensor da Lava Jato e até votou favorável à prisão em segunda instância. Nesta fase, os principais réus eram os petistas.

Depois, quando a Lava Jato pegou lideranças do PSDB e do PMDB, o ministro virou inimigo da Lava Jato e mudou seu voto sobre a prisão em segunda instância. Querendo ou não, Gilmar balizou a postura de mudança do STF.

No contexto atual, a decisão de Fachin livra Lula, mas beneficia o ex-juiz Sérgio Moro e procuradores federais acusados da prática de crimes na condução dos processos, além de salvar as condenações da Lava Jato. Do outro lado, se aprovada a suspeição de Moro, Lula pode até nem ser candidato, mas outros condenados pela Lava Jato poderão se beneficiar.

Dos dois lados, contudo, o que se tem é a Corte máxima do país dando cambalhotas em processos e atuando na seara política sem pudor. Está difícil confiar na Justiça.

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