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Lázaro Farias

As cenas lamentáveis que estamos vendo todos os dias pelos meios de comunicação, relativas a tragédia que está acontecendo no Rio Grande do Sul, devem ser compreendidas principalmente, sob a ótica do negacionismo climático, ou seja, se trata de algo anunciado, que não se deu a devida importância.

Desde 2021, especialistas já vinham alertando as autoridades, para o aumento da ocorrência de chuvas na região. Em 2022 e 2023 os eventos foram ganhando ainda mais força, até que em 2024, atingimos esse nível devastador.

Seria possível também, obter uma série histórica anterior a esse período, sobre problemas ambientais na região, o que não constitui objetivo da nossa coluna.

Pois bem, ao não reconhecer a força, a gravidade e consequentemente o risco das mudanças climáticas, praticando o que chamo de NEGACIONISMO CLIMÁTICO, o Brasil tirou do Rio Grande do Sul o adequado planejamento, para evitar ou no mínimo amenizar, as consequências de um desastre “natural”.

Sem orçamento previsto e sem plano emergencial, não foi possível por exemplo, dispor de um protocolo para situações de risco. Não foram identificadas e devidamente alertadas, as áreas potencialmente mais vulneráveis, tão pouco se estabeleceram práticas de responsabilidade ambiental entre governos, empresas e a população.

Inclusive, parte da tragédia que atingiu 446 municípios gaúchos, foi causada pela ação do homem, que construiu em locais inapropriados, em áreas de alagamento, e não fez as manutenções corretas nos diques de contenção e nas barreiras anti-alagamento.

Vou recorrer a análise do professor Roberto Reis, do Programa de Pós-Graduação em Ecologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), para dar mais luz ao nosso texto.

Ele pontua, que essas construções, feitas nos anos 1970, nunca receberam manutenção adequada. “A culpa da enchente é do planeta. Mas a culpa da tragédia é dos administradores do estado e das cidades”.

Perceba na reflexão acima, a comprovação do que estamos argumentando desde o começo do texto: NEGACIONISMO puro.

O resultado esta aí e os desdobramentos são os piores possíveis. A medida que a água baixa, (benção desejada por todos), os prejuízos vão se mostrando mais claramente e a impotência dos governos também.

É bem provável que tenhamos daqui para frente no Rio Grande do Sul, os refugiados climáticos. Gente que vai precisar deixar tudo, para tentar a vida em outra região do país.

Centenas de cidades completamente destruídas, das quais o Brasil não sabe nem por onde começar a reconstrução.

No entanto, um bom início, seria reconhecer daqui para frente, que as mudanças climáticas não tem retorno, substituindo o estado de negação, pela consciência plena, de que algo precisa ser feito.

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