Nos cursos de aperfeiçoamento que ministramos, sobretudo para a área jurídica, aparece, com frequência, a seguinte pergunta:
– Qual o certo: vistos, etc., ou vistos etc.?
A questão é: A expressão do título comporta, ou não, a vírgula?
Os que advogam a tese de que a expressão não comportaria a vírgula argumentam que etc. já quer dizer “e outros”.
Realmente. A expressão “et cetera” (plural neutro de ceterus), da qual deriva a abreviatura etc., equivale, em latim, a “e o resto”; entre outras coisas. No entanto, deve-se colocar, sim, a vírgula, antes de etc., já que, ao usarmos tal abreviatura, não estamos escrevendo a expressão “et cetera”, que contém o et (=e); estaremos escrevendo uma expressão brasileira independente da latina.
Para dirimir quaisquer dúvidas e evitar discussões estéreis, basta citarmos dois grandes gramáticos da nossa língua:
Celso Cunha, na Gramática da Língua Portuguesa (Fename, 1976, Pág. 539), ao dar exemplos de conjunções subordinativas conformativas, destaca: “conforme, como (= conforme), segundo, consoante, etc.; (…). E repete em todos os exemplos seguintes.
Adriano da Gama Kury, na “Gramática Objetiva da Língua portuguesa”, obra elaborada em parceria com José Renato Bueno e Ubaldo Luiz de Oliveira, relacionando, na página 67, as conjunções subordinativas causais, assinala como exemplo: “porque, visto que, como, uma vez que, já que, etc.”.
O ideal é seguir os mestres. O resto é modismo.