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Professor Trindade
João Trindade (Foto: Divulgação)

Acho que se está dando valor em excesso a essa bobagem de linguagem neutra. Isso é invenção de alguns pseudoesquerdistas e de grupos que querem impor “convicções” minoritárias e de certos “intelectuais” que usam tais termos em eventos e palestras por pura demagogia.

É sempre bom lembrar que Linguagem não se confunde com Língua, embora muita gente misture as coisas.

Foi o caso do presidente da Academia Brasileira de Letras, Merval Pereira, em pronunciamento recente, numa reunião pública realizada pelo Conselho Nacional de Educação (CNE), para tratar do tema da linguagem neutra. 

Disse o presidente:

“Não é o momento de expressões como “todes” entrarem oficialmente na língua portuguesa”.

Sim, não é o momento, por um motivo muito simples: linguagem não entra oficialmente em qualquer que seja a Língua.

Como já afirmei, linguagem não se confunde com Língua. A Língua é uma só, enquanto que existem diversas linguagens. A Língua é um padrão que pretende unificar a escrita e a fala no país, daí ser chamada língua-padrão; já a linguagem é a expressão de um grupo social, um gueto, um ambiente, etc. e depende, sobretudo, do contexto de oralidade.

De modo que se estou na praia, expresso-me por meio de uma determinada linguagem; mas, se redijo um documento na repartição, expresso-me pela língua-padrão. É bom lembrar que, durante muito tempo, havia, nos concursos, questões apenas sobre a língua-padrão; hoje, já há questões envolvendo comparação entre os dois contextos; ou se pergunta por que a língua padrão não foi usada. Por exemplo: o uso da gíria ou da corruptela são perfeitamente aceitos num texto, desde que se esteja transcrevendo a fala de alguém que costuma fazê-lo.

Em outras palavras:

Pessoas ou grupos podem usar a linguagem que quiserem: “todes”, “elu”… O que não podem é querer “oficializar” essa linguagem e mudar a estruturada da Língua (criando “pronomes”, por exemplo), impondo rótulos, como querem fazer esses “movimentos”. Não cabe à Língua fazer justiça social ou identitária; a Língua é um padrão a ser seguido.

Merval Pereira ainda enfatizou que a linguagem neutra é um fenômeno ainda incipiente e de nicho, e ressaltou que a mudança seria complexa, já que alteraria a estrutura do português brasileiro. Sobre o uso da linguagem neutra em textos oficiais, deixou claro que, se houver, o texto não estará dentro do padrão da língua culta.

“Os documentos oficiais devem seguir as normas oficiais que estão vigentes. Se o professor quiser falar ‘todes’ na sala de aula, ele estará prejudicando a maioria dos alunos que não sabe o que é isso. Ele também não pode obrigar os alunos a usarem a linguagem neutra, porque não há nada que obrigue a isso”, ressaltou.

Bem fez o Acadêmico Evanildo Bechara, que, na mesma reunião, embora tivesse sido anunciada a presença dele, preferiu ficar calado.

Para finalizar:

Não adianta, nesse caso, usar o argumento de que a Língua é dinâmica e tem que se adaptar às mudanças vindas do uso comum; do uso do povo. Do povo, sim, mas não de grupos. 

Pergunto, querido leitor(a):

Você já viu, na feira, alguém falando “todes”?

A linguagem da emoção

Não foi por acaso que fiquei bastante emocionado na palestra que proferi na sexta-feira (20), na Academia Paraibana de Letras, sobre o lirismo autobiográfico e a perfeição rítmica em Gonçalves Dias.

A presença foi maciça de intelectuais, estudantes (tanto de Letras quanto de Direito) da UFPB e da Unipê, respectivamente; como também de professores das redes estadual e municipal de ensino; além, é claro, de ex-alunos, amigos e familiares.

Deram-me muito gosto e satisfação as presenças dos Acadêmicos Hélder Moura e José Nunes; do jornalista William Costa; do editor Magno Nicolau e do meus ex-colegas de magistério no Unipê Renato Carneiro, Nevita Franca e Vinícius Barros. Sem contar com o privilégio de ter como apresentador o doutor em Letras e também Acadêmico Milton Marques Júnior, responsável maior pela realização do evento.

Agradeço, também, penhoradamente, ao presidente da Casa, Ramalho Leite.

Registre-se o apoio, na retaguarda, e a dedicação da secretária da Academia, Tânia Enedino.

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