O doloroso processo de adicção, especialmente o de drogas ilícitas, já foi tratado em dezenas de fimes, séries e livros. Querido Menino, que estreia nesta quinta-feira em João Pessoa, traz esse drama sob a perspectiva da relação conflituosa e afetuosa de pai e filho.
A produção é baseada em história real, contada em dois livros escritos por David e Nick Sheff – pai e filho, respectivamente. David é um jornalista bem-sucedido na carreira que vê sua vida transformada ao ver seu filho se tornar um viciado em drogas ilícitas.
O filme tenta mostrar, a partir deste caso particular, as motivações de uma pessoa a se tornar dependente do uso de entorpecentes. Geralmente, a razão é a desestruturação familiar e aqui não é diferente.
Nick é um estudante universitário que enfrenta os dilemas habituais da vida de um rapaz saído da adolescência, mas também há as complicações pessoais. Ao ver seus pais se separarem, ele se muda com David para uma cidade do interior.
Ao invés de apontar soluções para a forma como familiares devem lidar com seus parentes dependentes, a ideia do filme é mostrar uma reflexão sobre o que se passa na mente dessas pessoas, tanto da vítima da adicção quanto das pessoas que as rodeiam, mostrando que às vezes nem mesmo o amor é suficiente para enfrentar as dores.
Antes de ser um tratado sobre a depressão que leva o personagem de Timothée Chalamet a mergulhar no vício, o longa-metragem de Felix van Groening tenta mostrar com alguma crueza uma situação desoladora, sem se ater a análises profundas da psiquê dos personagens – embora suas personalidades e anseios apareçam de maneira satisfatória na película.
De acordo com Gabriel Carvalho, do site Plano Crítico, “o longa é um dos projetos recentes mais tristes sobre o assunto por justamente não conseguir responder ao que se espera, e então pautar-se em milagres esperançosos. Querido Menino tem consciência do drama inerente a pessoas que não compreendem a si mesmas, no caso do jovem, ou as outras, no caso do pai. O espectador não entende as causas. E ninguém – pouquíssimos sendo mais otimista – entende”, analisa.
Um dos destaques positivos dessa produção é Steve Carell. O ator que dá vida ao pai do jovem Nick demonstra domínio do personagem, com carga dramática elevada, mas aplicada de maneira certeira.
Sua carreira ficou marcada pelos papeis cômicos, a exemplo da série The Office, mas já tem um tempo que seus trabalhos dramáticos são igualmente reconhecidos, a exemplo de Pequena Miss Sunshine e Foxcatcher — Uma História que Chocou o Mundo, que lhe rendeu uma indicação ao Oscar de melhor ator. “O mesmo acontece em Querido Menino, o que torna um absurdo o fato de ele não ter sido cogitado para o Oscar de melhor ator principal”, lamenta Bárbara Zago, do site Esquina da Cultura.
“A luta, e com ela o luto, de um pai que enfrenta ao ver seu filho ser cada vez mais consumido pelas drogas é nitidamente dolorosa. Mais do que isso, o sentimento de impotência e frustração, que também são extremamente bem representadas por Carell”, completa.
Indo além do roteiro, Querido Menino também é mais um exemplo da força das produções para streaming, já que se trata de uma produção da Amazon Studios que ganha elogios da crítica especializada e indicações a prêmios prestigiados como Globo de Ouro e BAFTA.
A comédia francesa dirigida por Philippe Le Guay ganha tons dramáticos ao abordar a crise financeira de uma pequena cidade no noroeste da França. A solução encontrada pelo prefeito é inusitada e polêmica: um ensaio nu com moradores da cidade. Estreia em João Pessoa.
O clássico programa de humor de auditório da TV dos anos 1990 ganha uma continuação, mais de 10 anos após seu término, agora nos cinemas. Depois de liberado da prisão, Caco embarca com a família em um ônibus viajando por todo o Brasil. Estreia em João Pessoa, Campina Grande, Patos e Remígio.
A história da menina perseguida por um assassino mascarado que retorna ao início do dia após ser morta volta envolvendo outros personagens, que também precisam descobrir o mistério do loop temporal para se safar. Estreia em João Pessoa, Campina Grande e Patos.
*Por André Luiz Maia, do Jornal CORREIO