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“Corri desesperada, nunca vi terremoto tão forte”, diz brasileira em cidade mais atingida de Taiwan

Helena Wang, há três anos em Hualien, estava em seu apartamento no 2º andar quando começou tremor que matou pelo menos 9 pessoas
Segundo as autoridades mais de 800 estão feridos (Foto: Taiwan National Fire Agency)

A brasileira Helena Wang, 38, estava arrumando seu apartamento, no segundo andar de um prédio de quatro andares em Hualien, no leste de Taiwan, quando começou o tremor que deixou pelo menos nove mortos e 800 feridos na ilha na manhã desta quarta-feira (3) -noite de terça no Brasil.

“Eu corri desesperadamente, porque nunca vi tão forte”, relata. “Começaram a cair as coisas aqui em casa, os vidros começaram a quebrar. Eu saí tão desesperada que nem peguei chinelo. Descalça, quase rolando as escadas, porque mexia muito, para lá e para cá, nos degraus.”

Casada com um taiwanês, Wang mora há três anos em Hualien, cidade mais atingida pelos dois tremores de magnitude 7,5 e 6,5, de acordo com o Gdacs (sigla em inglês para Sistema Global de Alerta e Coordenação em Situações de Desastre), órgão ligado à Comissão Europeia e à ONU.

A brasileira havia acabado de deixar a filha de 11 anos na escola e voltado para casa, no centro da cidade. Ela diz que nunca havia passado por algo assim desde que se mudou para Taiwan. Não foi ao trabalho nesta quarta, num hotel, mas amigos enviaram fotos com aparelhos de TV quebrados, no chão, e azulejos espalhados pelos corredores.

As aulas foram suspensas e uma amiga trouxe sua filha para casa. Mas os tremores continuaram ao longo da quarta. “Depois do primeiro terremoto, deu uma pausa, depois teve outro, está tendo até agora, vários”, diz ela.

A intensidade dos dois terremotos também foram inéditas para o representante do Brasil no país asiático, Miguel Magalhães. “Foi apavorante”, diz. “Nos meus 40 anos de diplomacia, nunca vi um terremoto assim. A gente mora no 14º andar, balança muito mais”, afirma ele.

“O terremoto foi próximo da superfície e pouco profundo. Foi sentido em toda Taiwan e nas ilhas. (…) Foi o mais forte em 25 anos”, diz Wu Chien-fu, diretor do Centro Sismológico taiwanês. Segundo autoridades locais, ao menos nove pessoas morreram e mais de 800 ficaram feridas.

No apartamento de Magalhães, o tremor destruiu uma estante. Segundo ele, o escritório em Taiwan tem contato muito próximo com a comunidade brasileira por meio de um conselho de cidadãos e um grupo em mídia social. “Já temos notícia de que não há ninguém ferido ou morto”, relata, dizendo que as informações vieram inclusive de brasileiros em Hualien.

O terremoto levou o Japão, as Filipinas e a China Continental a emitirem alertas de tsunami que foram cancelados horas depois. Relatos colhidos pela agência de notícias Reuters apontam que parte de Taipé, a capital, ficou sem energia elétrica.

Veículos da imprensa local transmitiram imagens de prédios tombados no condado de Hualien, no sul, e afirmaram que havia pessoas presas sob os escombros. Já na China continental, o terremoto foi sentido em várias regiões, inclusive em Xangai. A província mais afetada foi Fujian, diante da ilha de Taiwan, com relatos sobretudo das cidades de Xiamen e Fuzhou.

O brasileiro filho de taiwaneses James Chuang, que mora em Taipé há 12 anos e presta assessoria a outros brasileiros, afirma que o terremoto foi repentino e já começou com muita força. Ele conta que havia acabado de fazer seu café da manhã e estava na bancada quando sentiu algo diferente.

“Já peguei vários, mas este foi o mais forte”, diz ele. “Como a gente já é instruído, a primeira coisa foi abrir as portas, porque se o prédio tiver algum dano estrutural, você não consegue mais. Aí fui ver se estourava cano de gás, água. A torneira caiu, ficou aberta. Começaram a cair coisas, enfeites, latas de coleção.”

Chuabg conta ainda que não correu para o elevador apesar de ter ouvido alarmes do prédio.
“Estava balançando muito e o elevador poderia ficar preso”, afirma ele. “O condomínio onde moro é mais novo, já segue as leis que exigem que os prédios suportem acima de oito pontos na escala Richter. Fiquei dentro até parar de balançar para depois descer.”

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