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Crise de identidade

Embutida à improvisada candidatura do senador Vital do Rêgo, o PMDB fez uma confissão silenciosa, talvez até inconsciente: assediado pelo governador Ricardo Coutinho, flertando com o senador Cássio Cunha Lima e consciente de que sairia fatalmente rachado, em qualquer uma das alternativas, o partido decidiu não decidir.

Na prática, essa é a tradução da opção pela postulação própria, apesar de todos os riscos, e aos 45 minutos do segundo tempo. Não é que falte ao PMDB cabeças pensantes e bons estrategistas. Pelo contrário, a legenda tem veteranos na arte política. José Maranhão, que dispensa apresentações, é um deles.

A questão é outra. O PMDB – hegemônico durante quase duas décadas de poder na Paraíba – vive uma nítida fase de fim de um ciclo de liderança, apogeu e força protagonista. De 90 pra cá, o partido disputou todas as eleições estaduais. Quando não venceu e governou, liderou a oposição e dividiu a Paraíba entre ele e os adversários.

Uma condição que se esvaiu pelos dedos nesta eleição. A polarização arrasadora de Ricardo Coutinho e Cássio Cunha Lima isolou o PMDB. Até reagiu, mas quanto mais se mexeu mais o gigante foi se apequenando, sangrando até chegar ao diagnóstico de morte cerebral com a retirada da candidatura do ex-prefeito Veneziano Vital.

Situação completamente inesperada e longe das previsões dos seus líderes assombrados por uma realidade nua e crua constatada: não possuem mais a força dos últimos vinte anos. Ao acordar desse sono de falsas ilusões, muitos se recusaram a reconhecer a própria fraqueza e admitir o novo momento do partido e ainda insistem gritando no deserto o tamanho que já não têm.

Essa crise de identidade levou o PMDB a escolher se abraçar a qualquer saída que não fosse o reconhecimento de fragilidade. É hoje uma legenda que para poder contar com um partido para chamar de aliado depende de uma decisão judicial. Precisa dizer mais alguma coisa?

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