A deputada americana Sarah McBride, primeira mulher trans a ser eleita para o Congresso dos Estados Unidos, disse nesta quarta-feira (20) que vai acatar a decisão do presidente da Câmara, o republicano Mike Johnson, e usará os banheiros masculinos da Casa em vez dos femininos.
Mais cedo, Johnson disse que banheiros na Câmara dos Representantes só podem ser usados por pessoas do respectivo “sexo biológico” -outros deputados aliados do presidente eleito Donald Trump vinham pedindo que o presidente da Casa especificasse essa regra, em uma ação abertamente contra a democrata McBride, eleita no último dia 5 pelo estado de Delaware.
A restrição foi proposta inicialmente pela deputada republicana Nancy Mace. Em entrevista à emissora Fox News, Mace disse que “como sobrevivente de abuso sexual, a ideia de ter um homem [sic] usando o banheiro feminino é repulsiva, e não permitirei que isso aconteça”.
O Partido Republicano tem feito da oposição aos direitos de pessoas transgênero uma das suas principais bandeiras eleitorais. Estados governados por republicanos tentam aprovar leis proibindo pessoas trans de usar os banheiros do gênero com o qual se identificam, e alguns deles já impedem que questões de gênero e sexualidade sejam abordadas na sala de aula.
Nesta quarta, McBride disse em nota que vai seguir as regras determinadas por Johnson. “Não estou aqui para brigar sobre banheiros, estou aqui para lutar pelas pessoas de Delaware e reduzir os preços para famílias”, afirmou.
“Assim como todos os deputados, seguirei as regras determinadas pelo presidente Johnson, ainda que não concorde com elas”, prosseguiu McBride, classificando a questão como uma “tentativa de nos distrair dos reais problemas enfrentados por este país”.
A reação da deputada, publicada no X, dividiu apoiadores. Enquanto alguns aplaudiram a tentativa de ignorar o assunto polêmico e não cair em provocação, outros, principalmente pessoas que se identificam como trans nas redes sociais, expressaram frustração e desapontamento pela decisão de McBride de não reafirmar seu direito de usar o banheiro de acordo com sua identidade de gênero.
“O que você quer dizer, então, é que não vai usar seu poder como deputada eleita para defender pessoas trans, que estão sendo banidas da vida pública por causa de leis como essa”, dizia uma das respostas à nota da democrata.
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