Quando o governador Ricardo Coutinho anunciou, entre as prioridades do 2º governo, a introdução de modelo de gestão baseado em resultados, afirmei nesta coluna que estava assumindo desafio enorme, porque teria que derrotar a mentalidade que infelizmente ainda predomina no serviço público, de que só o chefe maior é responsável pelos fins.
Tive oportunidade de vivenciar experiência que me deu a dimensão exata desse desafio. Historiando: na manhã de segunda-feira fui parada em blitz. O policial avisou que meu emplacamento estava atrasado. Questionei, certa da quitação, mas como o documento que portava dizia o contrário, aceitei em silêncio quando me orientou sobre o auto de apreensão do veículo.
No carro-escritório, confesso que fiquei até surpresa com a educação do encarregado das multas. Diante do sol forte, convidou-me a entrar e ofereceu água. Tratamento muito diferente do que experimentei no Detran, ontem, quando fui buscar o carro, já com todos os comprovantes de quitação em mãos.
Só tinha uma pessoa antes de mim no protocolo. Os documentos foram conferidos e ganharam capa de processo. Fui encaminhada para a Divisão de Policiamento. A porta estava fechada. Bati e o atendente disse-me que deveria esperar, no corredor, pois o processo não tinha chegado. Uma hora depois, a resposta foi a mesma. E enquanto derretia no calor, ouvi o mesmo cidadão repetir o que me disse a outros proprietários de veículos.
Voltei ao protocolo para cobrar o processo. Ainda tive que esperar meia hora para ver um senhor passar pelo corredor com a “solução”. Quando fui chamada, pelo nome, e entrei na sala, descobri que tratava-se de um espaço amplo, com ar refrigerado e 21 cadeiras destinadas aos que aguardam atendimento. Todas vazias. Protestei, e o que cuidava da porta argumentou que o barulho das conversas atrapalha a concentração dos servidores. Reclamei e fui até advertida por fotografar o ambiente.
Como se não bastasse esperar quase uma hora e meia para que os documentos fossem movidos por apenas 50 metros (se fosse um banco, seria multado), ficar no calor e em pé, para não incomodar quem foi contratado para atender gente, é inconcebível.
Torço para que o governador consiga o grau de qualidade que almeja para a gestão, porque ninguém merece tratamento como esse.