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Destaque nos Emirados, atacante paraibano sonha com a Seleção

Melhor jogador estrangeiro da temporada 2016/2017 e vice-artilheiro, com 25 gols em 26 jogos, do campeonato dos Emirados Árabes Unidos na mesma temporada. Além disso, ele foi vice-campeão do campeonato nacional, também em 2016/2017, e vem ajudando o Al Wasl a ser o líder do campeonato nacional desta temporada, visando o título após dez anos da última conquista. Esse é o paraibano Fábio Lima, atacante artilheiro e principal jogador do Al Wasl.

Aos 24 anos, Fábio Lima vive um dos melhores momentos da carreira. Nesta temporada, ele é o artilheiro do campeonato, com 12 gols em 11 jogos, e vem ajudando o Al Wasl a ser líder da competição, onde o clube soma 25 pontos, mesma pontuação do Al-Ain.

Abaixo, o Portal Correio traz uma entrevista com o paraibano, abordando o início de carreira e o sonho dele em ser convocado para a Seleção Brasileira após a Copa de 2018.

Portal Correio (PC) – Como foi o início da sua carreira e como decidiu ser jogador profissional de futebol?

Fábio Lima (FL) Eu comecei minha carreira na base do Icasa-CE, depois subi para o profissional e de lá fui para o Atlético-GO. Rodei pelo São Paulo, Vasco e depois voltei ao Atlético-GO ai vim para cá.

O início da carreira foi com um amigo meu, Marquinhos, que jogou na Paraíba. Ele foi fazer um teste lá no Crato (Ceará) e me chamou para ir. Eu fui, mas só jogava pelo interior mesmo. Depois um rapaz me indicou para o Icasa e como eram cidades vizinhas eu fui.

De lá eu comecei minha trajetória no profissional. No começo era muito difícil, muita dificuldade. Na carreira de futebol você tem que passar por muitas coisas e eu passei por dificuldades no começo lá no Icasa, um clube, entre aspas, pequeno, sem estrutura. Na época eu não tinha nem empresário. Foi muito complicado. Depois eu comecei a evoluir e graças a Deus hoje eu estou aqui muito feliz profissionalmente.

PC – Ficou até com que idade morando na Paraíba? Foi difícil sair de perto da família para ser jogador?

FL – Eu morei na Paraíba até meus 15, 16 anos. Depois que apareceu a oportunidade eu saí de casa e nunca mais voltei para a Paraíba. Sempre fui morando em outras cidades como Juazeiro do Norte, Goiânia, São Paulo, Rio de Janeiro, até chegar aos Emirados.

É difícil sair muito novo de casa. Eu sou o caçula de seis irmãos, então foi muito difícil a adaptação. Em casa você tem seus pais, seus irmãos e fora de casa não tem ninguém. A gente se depara com algumas dificuldades, mas isso eu passei por cima. Sempre fui bem consciente, nunca fui viciado em nenhum tipo de droga ou bebidas e sempre tive os pés no chão.

Sempre passei por muitas dificuldades, mas graças a Deus eu consegui chegar em uma equipe grande fora do país e tenho contrato longo. Já estou aqui há quatro anos e pretendo ficar mais alguns anos.

PC – Como foi o tempo que você jogou aqui no Brasil? Qual clube que você atuou que mais se identificou?

FL – O tempo que eu joguei no Brasil foi bom. Joguei no Icasa alguns jogos em 2011, depois sai para o Atlético-GO. Minha melhor fase foi no Atlético-GO, entre o fim de 2013 e o começo de 2014, quando fomos campeões goiano e conseguimos livrar o time da Terceira Divisão.

Naqueles dois anos fui bem e foi quando apareceu a oportunidade de vir para cá emprestado por dois anos. Eu vim e depois o Atlético-GO conseguiu negociar com o Al Wasl e eu vim em definitivo.

Mas, a equipe que eu mais me identifiquei no Brasil foi o Vasco. Foi um clube que eu joguei três ou quatro jogos, mas por problemas de contrato eu não consegui jogar mais e ficou aquela vontade de jogar. Foi um time que eu me identifiquei bastante, pela torcida e pelo clube da grandeza do Vasco.

PC – Como foi que você encarou à transferência para o Al Wasl? Foi difícil a adaptação nos Emirados?

FL – Encarei de forma tranquila; era uma oportunidade de jogar fora do país. Financeiramente era bom para mim porque o Atlético-GO não estava pagando em dia. Era um momento complicado financeiramente e foi uma oportunidade boa para o clube e para mim.

Eu vim com o aval do treinador, que era o Jorginho na época. A adaptação aqui nos primeiros meses é complicado. Você não fala inglês, mas tudo que você tem que fazer você tem que falar inglês ou árabe. Depois foi melhorando e fui entendendo e falando algumas coisas em inglês.

Sobre alimentação o que tem no Brasil praticamente aqui tem as mesmas coisas. Quando alguém da minha família vem da Paraíba para me visitar sempre traz inhame, carne seca e tudo que a gente gosta de comer aí do Nordeste.

PC – Com relação ao Campeonato dos Emirados, qual tua avaliação (dificuldade, nível técnico, como é jogar com outros brasileiros como Caio)?

(FL) – A gente joga com muitos brasileiros, isso facilita. Nosso treinador e a comissão é argentina, então a gente entende. O campeonato é bastante competitivo. São 12 clubes, sendo que seis sempre brigam para ser campeão e para ir para a Champions [asiática].

As equipes que ficam lá embaixo também não são fáceis de ganhar. Claro que eles [árabes] não têm a qualidade que um jogador brasileiro tem, mas são todos com bastante qualidade. Por isso os times garimpam muito e pegam os melhores jogadores.

Jogar com os brasileiros facilita. A gente fala português e como os adversários não entendem fica mais fácil.

Vir para os Emirados não é vir para ficar desconhecido. Muitos jogadores que hoje jogam no Brasil estavam aqui e agora voltaram para fazer sucesso aí também.

PC – Você foi eleito melhor jogador estrangeiro da temporada passada e neste ano o Al Wasl lidera o campeonato e você é o artilheiro. Tem chance de você terminar com uma temporada tão boa como a 16/17?

FL – Graças a Deus consegui ser o melhor jogador estrangeiro da temporada passada. Fizemos uma bela temporada e conseguimos ficar em segundo lugar no campeonato. Terminei o campeonato com 25 gols em 26 jogos e fiquei muito feliz. Esse ano a gente está na primeira colocação brigando para ser campeão.

Sabemos que é difícil e que outras equipes são bastante fortes. Para mim é um sonho ser campeão, então como ficamos em segundo se fôssemos campeão seria um ano perfeito para nós.

PC – São quatro anos seguidos com bons números nos Emirados. Pensa em Seleção Brasileira?

FL – Estou no meu quarto ano aqui. Já são quatro anos de bons números. No primeiro fiz 18 gols e mais de dez assistências. No segundo 28 gols e mais de dez assistências. No terceiro ano foram 33 gols e mais de dez assistências. São números muito bons e venho a cada ano crescendo, sempre melhorando.

Antes eu pensava mais em Seleção, mas sei que é bastante complicado, ainda mais porque tem Copa do Mundo (em 2018).

Mas, quem sabe lá na frente, quando passar a Copa do Mundo, o treinador que estiver na Seleção for fazer um teste com alguns jogadores, quem sabe eu não esteja em alguma dessas listas? Se um dia um treinador da Seleção brasileira olhar um pouco mais para cá acho que sou um dos jogadores que tem chance de ir para a Seleção.

PC – Seu contrato foi prorrogado até 2022. Mas, com números tão bons em temporadas seguidas, é normal que clubes brasileiros e europeus sondem uma possível contratação. Recebeu alguma sondagem ultimamente para voltar ao Brasil ou ir para a Europa?

FL – Meu contrato era até 2020 e aumentou mais dois anos. Sempre aparecem algumas sondagens da Europa, do Brasil e até de equipes daqui. Mas, eu não penso em voltar agora, meu pensamento é cumprir meu contrato até o final.

Hoje eu tenho 24 anos e quando acabar meu contrato vou pensar em voltar ao Brasil. Tenho vontade de voltar a jogar no Brasil. É um dos meus objetivos quando sair daqui.

Penso em várias equipes [brasileiras] que eu passei. Tenho vontade de retornar a essas equipes. Mas, o futuro a Deus pertence e ninguém sabe o que pode acontecer no dia de amanhã.

Sei que posso e tenho qualidade para isso [jogar em uma equipe grande do Brasil]. O nível daqui é alto e consigo me manter em grande nível para um dia voltar ao Brasil.

PC – Torce ou tem alguma simpatia por algum time da Paraíba? Manda um recado para os torcedores.

FL – Eu conheço quase todas as equipes paraibanas. Treze, Botafogo-PB, Campinense, Sousa e tenho mais simpatia com a Desportiva Guarabira, que é do lado da minha cidade e tenho muitos amigos que torcem para a Desportiva.

Eu espero voltar um dia para o Brasil para os paraibanos me conhecerem mais e que me vejam jogar. Espero um dia voltar e que eu seja um orgulho para a Paraíba como outros jogadores foram.

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