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‘Destemido’, diz pai sobre filho que seguiu a mesma profissão

“Não é fácil falar em poucas palavras de quem a gente ama, mas acho que a tentativa é válida”, diz Gabriel Heitor, 17 anos, estudante de Jornalismo pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), em Campina Grande. Há cerca de seis meses, Gabriel deixou Patos, no Sertão da Paraíba, decidido a trilhar o meio, que não por acaso, desenvolveu os primeiros contatos através do pai, Glauber Alves, fotógrafo, 36 anos, de quem a frase se trata.

O filho de Glauber e irmão de Guilherme (7) usa da honestidade ao falar sobre a relação com o pai. “É cheia de particularidades. Nós nunca fomos de trocar abraços ou declarações extensas. Acredito que a gente tenha aprendido a dizer ‘eu te amo’ em silêncio e a partir de gestos”.

Quando Gabriel nasceu, o pai já trabalhava com fotografia, mas o rapaz enfatiza que, a priori, não gostava do ramo. “Acabava que eu considerava aquilo ali perda de tempo. Criança geralmente quer sair pra correr, brincar e sair como um animal desgovernado”, ele brinca. “Mas acabei me interessando por vídeo e até hoje minha praia é muito mais vídeo do que fotografia, mas eu também trabalho como fotógrafo”.

Gabriel conta como se deu o processo de identificação com a área. Ainda em Patos, ele acompanhava a agência de comunicação visual do pai. “Eu ficava nos computadores do escritório, editava uma coisa ou outra pra escola e por aí ia”.

Normalmente era Glauber quem editava os vídeos, antes de Gabriel tomar gosto. No começo, quando isso aconteceu, o pai ainda indicava a direção, ensinava, até que um dia Gabriel passou a editar só, tinha aprendido. O pai acabara de ajudar o filho a ter autonomia.

Ao passar do tempo, o filho de Glauber também desenvolveu captação de imagens, estava dando os primeiros passos na carreira e quando percebeu, já havia comprado a primeira câmera. Ele se aprofundava cada vez mais em fotografia. “Todo aquele universo em que eu estava inserido acabou me provocando a vontade de cursar Jornalismo. Eu passei a pensar em cursar por conta de onde estava inserido”.

Para o jovem, optar por áreas de atuações muito próximas ao pai foi, certamente, uma boa escolha. O contato diário, ainda que no trabalho, foi muito importante para que os dois se tornassem uma boa dupla, não só pela paixão pela profissão, mas também como pai e filho.

Atualmente, eles ainda executam os projetos na área da comunicação visual, de forma que os 150 Km de distância não os desvincularam. “Ele é um dos melhores profissionais que conheço e fez de tudo para que nunca ficasse à sombra dele, mas sim, caminhasse lado a lado. Hoje, tenho a segurança suficiente para afirmar que somos bons no que fazemos e só consigo dizer isso porque sei do caminho que a gente tem trilhado até aqui. Penso que ainda temos muito o que andar, a aprender e a compartilhar, mas tenho certeza que, ao menos a forma como faremos isso, nós encontramos”.

Glauber, por sua vez, relata. “Tudo começou, na verdade, pelo incentivo ao uso das ferramentas digitais, tanto nas fotografias quanto em vídeo, e meu incentivo em relação a ele foi sobre necessidades dessas ferramentas dentro do próprio estudo e na relação acadêmica; a partir desse momento, a gente começou a construir mais informações em conjunto”.

Sobre a influência do pai, Gabriel também tem o que relatar. “No final das contas, meu pai tem uma grande contribuição nisso porque eu acho que o muito do pouco que eu sei, aprendi com ele e foi ele quem me trouxe os primeiros contatos disso tudo. Até hoje tem muito disso, sempre teve essa parceria. Hoje meu pai é muito mais meu colega de trabalho do que um professor em si”.

Ainda de acordo com Gabriel, sempre há tempo para aprender em conjunto. Os dois trocam muita experiência e nunca falta o que debater. Sem o filho na agência, Glauber continua o trabalho de um lado, do outro, Gabriel ajuda, às vezes por e-mail, por vezes pelo WhatsApp, sendo assim, o novo desafio para eles tem nome: trabalho a distância.

“A relação de pai e filho que a gente tem contribuiu muito pra que trabalhar a distância desse certo. Eu acho que se fosse com outra pessoa seria muito difícil de fazer funcionar. Por conta do relacionamento que a gente tem, foi bem mais fácil alinhar um pouco a nossa visão de como produzir conteúdo, então essa é a parte que vem tonando mais interessante a nossa relação de pai e filho”.

O pai enfatiza. “A gente mantém uma relação de serviços do departamento dele e eu do meu. Na nossa atualidade enxergar essa relação de pai e filho tanto no âmbito profissional e pessoal é importante, apesar de ser um modelo que não é muito seguido”.

Glauber ainda coloca que não imaginava que o filho estaria seguindo por uma área que engloba o mesmo viés que o ramo dele, já que Gabriel tinha aptidão para veterinária. Para definir a personalidade do filho, ele coloca: “É uma pessoa destemida, responsável e com objetivos decididos”.

Para finalizar, Gabriel declara: “O empenho dele em me dar as condições necessárias para que eu me tornasse uma boa pessoa e um bom profissional me fez entender desde cedo que ele não precisava estar gritando para o mundo o amor que sente por mim, já que fazia isso diariamente diante dos sacrifícios e esforços para fazer a minha vida melhor”.

 

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