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Dia Mundial do Braille lembra inclusão social para deficientes visuais

No dia 4 de janeiro é celebrado o Dia Mundial do Braille. O sistema de escrita e leitura em relevo criado pelo francês Louis Braille no início do século XIX (19) mudou a forma de comunicação e interação dos deficientes visuais, trazendo mais inclusão social para as pessoas cegas.

Em Campina Grande, o Instituto dos Cegos é reconhecido pela assistência, quebra de barreiras e preconceitos, inclusão social, alfabetização, acesso ao mercado de trabalho e luta dos direitos assegurados às pessoas com deficiência visual.

No Instituto dos Cegos, o método de ensino mais utilizado é a alfabetização através do Braille. Um sistema de escrita tátil utilizado por pessoas cegas ou com baixa visão, tradicionalmente escrito em papel relevo. Mas com a chegada das novas tecnologias, a instituição não se restringiu apenas a isso.

Localizada no bairro da Estação Velha, a instituição atende cerca de 150 pessoas e é referência no Nordeste pelo uso de computadores, execuções cantadas e instrumentalizadas de diversos gêneros musicais e prática de esportes. O instituto proporciona qualidade de vida aos seus alunos, como também apoio e assistência social que necessitam.

A superintendente do Instituto dos Cegos, Elisângela Arruda, perdeu a visão aos 17 anos devido a um descolamento de retina e, hoje, não possui nenhuma porcentagem de visão. Na adolescência, ele desistiu dos estudos no segundo ano do ensino médio devido à perda da visão e procedimentos cirúrgicos que estava fazendo. Adquiriu uma depressão e depois de cinco anos procurou o Instituto dos Cegos.

Elisângela achava que não ia aprender o sistema e conta que no começo foi muito difícil. “Sou mais adepta e consigo me adequar melhor ao uso da tecnologia, como celulares e computadores. A maior dificuldade em aprender e praticar o sistema é a sensibilidade no tato, de sentir o relevo, decifrar a letra, trocar de linha. Durante o processo de aprendizagem, é cansativo ler muitas páginas”, disse.

Apesar de preferir o uso das tecnologias, ela não dispensa o Braille e afirma que ele é fundamental para a pessoa cega, tanto para crianças como para os adultos. “O Braille nos ajuda a ter um contato com a leitura e a escrita. No computador e no celular, ouvimos as palavras, nós não sabemos se está escrito com c, s ou z. O Braille hoje é indispensável e muito importante quando estou em casa sozinha, para saber coisas do cotidiano, como qual remédio vou tomar”, explica.

Braille para todas as idades

No Instituto dos Cegos, todos que chegam à instituição são alfabetizados no Braille. A criança principalmente, pois ela só pode ir para uma escola regular assim que for alfabetizada, para conseguir acompanhar no mesmo ritmo e na mesma desenvoltura as outras crianças que não possuem deficiência.

A coordenadora pedagógica da instituição, Adenize Queiroz, é cega desde que nasceu e se alfabetizou no braile aos seis anos de idade. Amante da leitura e da escrita, doutora em educação e professora de educação especial da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), quando trata de assuntos ligados à deficiência visual em aulas, ela defende significativamente o uso do braile.

Vivemos imersos em um mundo de tecnologias e elas também são significativas no papel da comunicação, interação e informação das pessoas cegas. Os deficientes visuais usam computadores e aplicativos de celular por meio de sintetizadores de voz, mas isso em momento algum dispensa o sistema Braille.

“Uma criança, pode usar as tecnologias, mas ela não pode deixar de se alfabetizar no Braille, pois ela vai ter o conhecimento e o prazer de uma leitura autônoma. Vai conseguir saber e reconhecer a grafia de cada palavra, o que não é possível no computador que apenas dá a fonética das palavras”, disse Adenize, explicando que embora exista a tecnologia, o uso dela não dispensa o aprendizado do sistema Braille.

Quem perde a visão ao longo da vida, como Elisangêla, tem uma dificuldade maior em aprender o Braille, pois a coordenação motora dos adultos, tanto para leitura quanto para escrita, já está construída e eles demonstram uma resistência maior. Nessa idade, a adesão às tecnologias é mais provável pela praticidade que elas oferecem.

Acesso ao Braille

Existem diversos tipos de sistema dentro do Braille. O manuscrito, que as crianças cegas aprendem na escola; o Braille datilografado, produzido em máquinas de datilografia e a impressora Braille, onde é possível de qualquer computador formatar um texto e imprimi-lo em Braille.

Entretanto, infelizmente o acesso ao sistema Braille no Brasil não é fácil. A produção Braille e os equipamentos têm um custo muito caro, o que faz as pessoas cegas terem dificuldades de adquirir os produtos e manter o contato com o sistema.

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