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Documentário em CG aborda a diversidade das mulheres

Há quem diga que a procrastinação não seja um auxílio para a criatividade, mas para Arielly Uchôa, estudante de Jornalismo pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), em Campina Grande, demorar a seguir os planos resultou na ideia de dirigir um documentário. Intitulado de ‘Sapatão’, o filme está em andamento na Rainha da Borborema e visa abordar sobre a diversidade de mulheres e as diferentes representações delas na sociedade.

O curta-metragem independente não pretende mostrar uma “verdade quadrada”. É algo muito maior. “Eu acho que esse documentário vem para responder alguns questionamentos. Me veio uma ideia inicial que não era essa, mas que foi, digamos, o embrião do que é hoje. Eu estava pensando em falar sobre mulheres na sociedade, mulheres que usam cabelo curto, que não correspondem necessariamente a uma ideia normativa do que é ser mulher, e aí eu fui trabalhando nessa ideia. Só demorou até chegar ao que é hoje”, conta Arielly.

Arielly Uchôa e Isabela Pontes, diretora e entrevistada do documentário Sapatão, em produção em Campina Grande (Foto: Arielly Uchôa/ Arquivo pessoal)

Segundo ela, o filme também não se propõe a ser uma captação de todas as gerações da cidade. Ele é uma pequena parte de um todo, uma vez que tenta falar sobre diferentes gerações de formas distintas, partindo do princípio de que essas formas vão além do que é exposto.

Primeiro Gatilho

Conforme a diretora, no meio tempo em que refletia sobre a possibilidade de produção, ela conheceu a professora de Serviço Social Jussara Costa, através de uma pesquisa sobre Maria de Kalú, uma mulher negra de Campina Grande que abriu o primeiro bar gay no município. Foi isso que, a primeiro momento, impulsionou Arielly a trabalhar na ideia do documentário.

Bastidores da gravação com a professora Jussara Costa (Foto: Arielly Uchôa/ Arquivo pessoal)

O filme

A ideia foi pensada, segundo Arielly, voltada para estéticas de mulheres, como aquela que tem cabelo curto, que usa roupas ditas como masculinas e é confundida com homem, além de outras.

“Consegui pegar uma colega minha que estava prestes a se casar, eu queria saber ainda a questão da mulher negra, da favela… Também tem eu e minha companheira que agora tivemos um bebê, ou seja, a mulher lésbica mãe. Ainda falta gravar com uma menina que corresponde aos padrões normativos, aquela mulher que não tem pista visual de mulher lésbica. Aquela que tu olha e diz assim: tu é sapatão? Eu nunca imaginei”, abordou.

Ainda de acordo com ela, o documentário é destinado a todos que gostem da temática, sem delimitar público específico. “É lógico que as mulheres vão se interessar mais porque ele estará falando delas, mas não tem um público específico. Não diria que há necessariamente uma mensagem por trás da nossa ideia, eu diria que há um questionamento. Será que essas mudanças foram realmente efetivas, o que mudou da cabeça do antes para cabeça de agora?”, explicou.

Bastidores de gravação (Foto: Arielly Uchôa/ Arquivo pessoal)

O filme será inscrito e deve passará passar por alguns festivais, mas a ideia principal, a priori, é ter uma exibição para a própria comunidade. As plataformas de vídeo online Vimel e Youtube não são descartadas para disponibilizar o documentário. Como no filme não há parceiros financeiros, toda ajuda é muito decisiva para que elas consigam concluí-lo.

Desafios

Para Arielly, o maior desafio encontrado no cinema independente é fazê-lo acontecer. “Às vezes, ter que pedir material emprestado, ter que gastar do próprio bolso, isso é muito real, já gastei horrores do próprio bolso para chegar oo lugar com os equipamentos. Eu acho que é isso; é, por exemplo, você ser a diretora, mas nada é tão fechado e quadrado, às vezes tem que ser a platô, a produtora, às vezes ser tudo. Cinema independente é isso, você acreditar no seu projeto e ter pessoas que acreditam em seu propósito também,” coloca.

Para a equipe, a importância do comunitário é certa, começar a visualizar mulheres que abriram os caminhos para a comunidade Lésbica em Campina Grande, já que o filme é voltado para a cidade. Logo, é importante para a equipe que um pouco do lugar se situe ao redor dele próprio, já que ainda podem notar uma grande invisibilidade lésbica na região, como notam em nível nacional, a fim de fortalecer a comunidade lésbica e inspirar outras mulheres. Para elas, é sobre construir a memória de Campina Grande.

Equipe do documentário em foto conjunta com Jussara Costa, entrevistada. (Foto: Arielly Uchôa/ arquivo pessoal)

Todas mulheres

A estimativa é de que o curta-metragem tenha duração de 15 minutos. Além de Arielly Uchôa, na direção, a equipe conta com Kalina Araújo, produção, Mayara Bezerra e Beatriz Gomes, fotografia, Yasmin Figueiredo, no som e Jaciela Nayara como platô. O filme já está com mais da metade gravado e tem previsão de finalização em dezembro de 2019.

“É um pequeno registro que não consegue abarcar todo mundo, mas acredito que deva se tornar algo muito interessante pra gente conseguir captar as mudanças, os anseios, e enfim, do momento que a gente está vivendo”, finalizou a diretora.

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