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A Câmara Municipal de João Pessoa vive um momento histórico. Literalmente. Nos arquivos do órgão foram encontrados documentos e atas que datam do ano de 1814 até 1910, período que permeia o fim do Brasil Colônia e o início do Brasil Império. As raríssimas peças agora passarão por um processo de restauração, que envolverá a Fundação Casa de José Américo e o departamento de História da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), e posteriormente serão devolvidas à CMJP para integrarem uma exposição com a memória da Casa.
Os documentos foram encontrados por um funcionário do arquivo da Câmara, em parceria com o professor do departamento de História da UFPB, Ângelo Emílio de Sousa, que irá coordenar o processo de restauração e conservação dos documentos. O professor explica que os procedimentos empregados serão em parceria da Câmara com a Fundação Casa de José Américo e a UFPB.
“Fizemos uma sondagem com a Fundação Casa, que é extremamente aparelhada, e existe uma predisposição deles em contribuir com a restauração. Além disso, o departamento de História me indicou ao presidente da Casa para o trato dessa ideia que envolveria também a UFPB. Então, envolvendo o ente municipal, um ente estadual e um ente federal, não haveria sinergia maior que essa”, destacou Ângelo.
Professor Ângelo Emílio dos Santos (Foto: Assuero Lima / Jornal CORREIO)
Os documentos encontrados na Câmara narram diversos fatos referentes à cidade da Parahyba, como era conhecida João Pessoa no século 19. Entre as diversas atas em que os parlamentares discutiam problemas da população, existem desde fatos absurdos até tratados internacionais. Veja alguns exemplos:
1- O príncipe nasceu. Em 1825, um documento notifica a Câmara da Parahyba sobre o nascimento do filho do Imperador Dom Pedro I, no Rio de Janeiro. Em ocasião do nascimento de Dom Pedro II, o documento recomenda festividades na cidade, como repiques de trombeta e iluminação especial.
2- O ‘ressuscitador’. Em 1826, um parlamentar conhecido como Manuel Gameiro sugere à Câmara que adquira um aparelho que ‘restaure a vida’ de pessoas afogadas. O proponente garante que a ‘máquina’ seria de total utilidade da população, além de ser um presente ‘mesquinho’. Manuel Gameiro ainda sugere que o aparelho seja instalado na praia.
3- Independência e tratados. Um dos documentos registra uma notificação à Câmara sobre a independência do Brasil e instauração do império brasileiro. Com este fato, diversos tratados internacionais de comércio, navegações e mercado também foram encontrados no acervo da CMJP.
O material precisa ser tratado com cuidado e delicadeza para que não haja danos físicos aos documentos. Porém, não é só a integridade dos papéis que precisa ser levada em consideração. “Usamos máscaras e luvas, porque a documentação é valiosa mas também periculosa. Se a poeira de semana passada é prejudicial, avalie a de 200 anos? O manuseio dessa documentação tem que ser feito com a devida atenção, e para isso existem vários procedimentos técnicos. Muitos papéis estão quebradiços e precisam ser restaurados”, revela o professor Ângelo Emílio.
O presidente da CMJP, Marcos Vinícius (PSDB) já havia confirmado que pretende construir uma nova Casa no ano de 2019, e em uma reunião realizada nesta quinta-feira (25) para tratar dos achados históricos, confirmou que pretende desenvolver um espaço para a memória da Câmara na futura sede.
“Queremos parabenizar os funcionários por essa descoberta fantástica. Vamos fazer essa parceria para resgatar a história da Câmara. Já estamos fazendo isso sob a coordenação da Secretaria de Comunicação, e temos buscado resgatar e guardar a memória da CMJP. É importante resgatar essa história. No novo prédio da Câmara teremos uma biblioteca, que foi solicitada junto com a Biblioteca do Senado, e será equipada com tudo que houver necessidade”, comentou o presidente.
Presidente da CMJP em reunião para discutir futuro dos documentos (Foto: Assuero Lima / Jornal CORREIO)
Sistema Correio de Comunicação.
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