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Dois peixes-bois marinhos são encontrados mortos na Paraíba

Dois peixes-boi marinhos foram encontrados mortos no Litoral Norte da Paraíba. No domingo (15), a equipe do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho (PVPBM) foi acionada para resgatar a carcaça de um peixe-boi marinho encontrado morto na Praia do Miriri, a cerca de 300 metros do Rio Miriri. Era uma fêmea, em fase de amamentação, medindo 3,46 metros e com peso estimado de 870 kg.

Como estava em avançado estado de decomposição, não foi possível identificar a causa da morte. Porém, o que se pode adiantar é que o animal apresentava um hematoma na cabeça e na nadadeira peitoral esquerda, o que pode ser um indício de interação antrópica.

No dia seguinte, foi encontrado um filhote de peixe-boi marinho encalhado morto, em avançado estado de decomposição, na praia de Lucena, que fica na outra margem do Rio Miriri. Era um macho de 1,63 metros e 38,4 kg. A equipe acredita que pode existir uma relação direta entre estes dois eventos, tratando-se assim de um caso de uma mãe com filhote. Esta relação somente será comprovada por meio de testes genéticos.

A médica veterinária do PVPBM, Vanessa Rebelo, coletou amostras dos órgãos e do conteúdo gastrointestinal, os quais serão submetidos para análises laboratoriais que servirão como informações complementares para a identificação da “causa mortis” e para estudos e pesquisas voltadas para a conservação da espécie. O peixe-boi marinho (Trichechus manatus) está ameaçado de extinção no Brasil.

Os dois eventos ocorreram em uma importante área de uso dos peixes-bois marinhos no litoral da Paraíba: o estuário do Rio Miriri. Existem preocupações crescentes acerca das atividades de pesca praticadas neste local em decorrência das redes utilizadas (malhas grossas e com extensão de uma margem a outra do rio), o que representa um risco direto para esta espécie, sobretudo quando estes animais estão com filhotes, pois utilizam os estuários com muita frequência.

O peixe-boi marinho possui características peculiares quanto à procriação. Uma fêmea tem uma gestação que dura 13 meses e passa cerca de dois anos amamentando o filhote. Ou seja, é preciso três a quatro anos para gerar uma nova vida, o que torna ainda mais delicado o trabalho de conservação do peixe-boi marinho. O ambiente ideal para que a fêmea cuide do filho é aquele que tenha água calma e alimentos ricos em nutrientes que sejam de fácil acesso, no caso os estuários e regiões costeiras protegidas. É lá que elas buscam se reproduzir, parir e descansar. Com o comprometimento destas áreas costeiras (em decorrência dos assoreamentos, poluição, entre outros fatores) muitas vezes as fêmeas reproduzem em áreas desprotegidas, o que acaba favorecendo para o encalhe dos filhotes.

Em um ambiente conservado, estes animais podem viver uma média de 50 a 60 anos. No entanto, os impactos ambientais provocados pelo homem ainda representam a maior ameaça à espécie. Lixo, esgoto e substâncias tóxicas lançadas nos mares e nos rios, circulação intensa de embarcações motorizadas nos locais de ocorrência da espécie, degradação dos manguezais, destruição da mata ciliar, construções desordenadas em praias e estuários, a perda de habitat (estuários e áreas costeiras), a captura acidental em redes de pesca. Todos estes fatores colocam em risco o ambiente, a saúde e a vida deste mamífero.

A equipe do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho – realizado pela Fundação Mamíferos Aquáticos (FMA), orienta que caso alguém encontre um peixe-boi marinho ou qualquer mamífero aquático encalhado, vivo ou morto, nas praias da Paraíba, o primeiro procedimento é comunicar ao órgão ambiental atuante na região ou entrar em contato com a FMA, pelos telefones: (83) 99961-1338/ (83) 99961-1352/ (81) 3304-1443. Em casos de encalhe de animais vivos, enquanto aguarda a chegada do resgate, a pessoa deve seguir as seguintes orientações: 1- Se o animal estiver exposto ao sol, proteja-o fazendo uma sombra; 2- Não o alimente e nem tente devolvê-lo à água; 3- Evite aglomeração a sua volta.

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