Tenho refletido sobre o problema brasileiro para entender o que se passa hoje no País.
Como empresário, torço e rezo para que tudo dê certo. Mas a despeito de toda a reza e torcida, a conjuntura é intrincada.
Nunca, em 127 anos, a República foi tão sacudida.
E de todas as discussões e leituras feitas a respeito deste instante histórico, um componente aparece de forma unânime – uma espécie de variável constante que explica, em larga medida, como chegamos até aqui.
Esse componente se chama educação.
O Brasil tem, diante de si, este problema agudo para encarar: independente dos níveis de investimentos financeiros, seguimos com uma falha educacional grave. E essa fissura contamina todo o seu tecido social.
Não me refiro, apenas, ao conceito macro de educação – que se materializa pragmaticamente na formação dos cidadãos, desde a alfabetização até as pós-graduações.
Outros elementos compõem a cultura da educação, se conectando inclusive (e sobretudo) com os valores da família.
E nesta reunião ocorrem duas bifurcações essenciais: a falta de educação e a má educação – que, acredite, não são as mesmas coisas.
O que entendo por falta de educação?
Trata-se, no meu ponto de vista, da ausência dos hábitos da boa educação de uma determinada cultura.
Atos comportamentais que não se aprenderam em casa. E cujo aprendizado também falhou na sua extensão, a escola.
Ilustro: falar alto, interromper quem está falando, ignorar a pontualidade nos compromissos, esbarrar em uma pessoa sem pedir desculpas instantaneamente…
A falta de educação incomoda e constrange.
Mas ela é um mal menor (bem menor) do que a outra face dessa moeda, que é a má educação.
Aqui não têm faltas nem ausências; tem preenchimentos indevidos.
O cidadão é educado para o mal. E se torna culturalmente distorcido.
Muitos caminhos levam a esta distorção:
É o filho que assiste o pai mentir e se torna um mentiroso.
É o cidadão que assiste a depredação do bem público e privado desacompanhado da punição e também se sente compelido a agir com vandalismo.
É a disseminação da cultura do estupro.
É o arrastar da prole para a corrupção – vide os múltiplos exemplos oligárquicos que se reproduzem Brasil afora.
Aliás, na política – mais do que em qualquer outra seara – a má educação provoca danos de alto impacto – plurais e duradouros. Pois é impossível filho de peixe não ser peixinho.
Políticos com práticas deletérias automaticamente formarão gerações perniciosas.
E é esta herança educacional que está fazendo tanto mal ao Brasil.
Um País educado para o mal não pode construir a paz e o bem.