É comum vermos pais que se decepcionaram com filhos afirmarem, desolados, após uma desilusão:
– Onde foi que errei? Sempre criei bem meu filho. Ele estudou nas melhores escolas; os mais caros colégios…
O que são “melhores escolas”?
Lamentavelmente, é cada dia crescente uma antítese responsável por um erro nefasto na educação dos filhos: ou o pai escolhe a escola pelo fato de o colégio ser barato ou, paradoxalmente, pelo inverso; dependendo, é claro, do poder aquisitivo daquele e, às vezes, até não.
Nunca as coisas se confundiram tanto no Brasil! E a maior confusão delas é a que se faz entre instrução e educação. As escolas, hoje, não educam, instruem; a prática é bem diferente do discurso pregado no manual que se entrega ao pai, em que se ostenta, hipocritamente: “Objetivo: valorizar o ser humano como um todo (sic) (…)” e outras baboseiras. Por outro lado, o pai quer que o filho passe, a todo o custo, “porque está pagando”. Tal discurso é repetido pelo filho quando, por exemplo, o professor o coloca para fora de sala; geralmente, depois de três advertências: “Saio não, que estou pagando” – diz o garoto, de nariz empinado, dedo em riste. Aí o pai vai à escola “tomar satisfação”; não tem o mesmo empenho, por exemplo, para ir saber a situação do filho no educandário. A escola, por sua vez, cobra do professor o calendário e só; é preciso estar em dia; o programa tem que ser dado. O professor – e são muitos! – não tem mais a mesma responsabilidade de antigamente: “a minha aula está dada; eles que se virem”.
E assim segue a escola brasileira, enganando o professor, o pai, o aluno, a sociedade, numa engrenagem estranha, que não se sabe onde vai parar.
Até quando iremos confundir educação com instrução?
* João Trindade