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Eleonora Falcone lança CD ‘Mais que Mar’ nesta sexta

A cantora Eleonora Falcone lança, nesta sexta-feira (5), na sala de eventos Maestro José Siqueira, na Funesc, a versão física do disco ‘Mais que Mar’. As músicas já haviam sido lançadas nas plataformas digitais e agora ela apresenta o CD. Eleonora conversou com o editor do caderno de Cultura do Jornal CORREIO, Renato Félix, sobre a obra. Confira o vídeo acima.

Cantora é atração do projeto Cambada

Composições inéditas, poemas de Lúcio Lins musicados e cantados por Eleonora Falcone ampliam os horizontes da música nordestina ao mergulhar em suas origens. Essa combinação estará presente na edição de julho do projeto Cambada, em que a cantora paraibana apresenta o show de lançamento do EP físico ‘Mais que Mar’, já disponível nas plataformas digitais desde o ano passado. A apresentação será na sexta-feira (5), às 21h, na Sala de Concertos Maestro José Siqueira, em João Pessoa. Os ingressos custam R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia entrada) e a bilheteria abre com uma hora de antecedência.

O show terá participação especial de Adeildo Vieira e Seu Pereira. A banda que acompanha a cantora é formada pelos músicos Lucas Carvalho (acordeon), Elma Virgínia (baixo elétrico e acústico), Gilson Machado (bateria e percussão) e Felipe Gomes (trompete).

Sobre a artista

A cantora e compositora Eleonora Falcone nasceu em João Pessoa, cidade onde se formou em Psicologia antes de se mudar para o Rio de Janeiro no fim da década de 1980. Tem em Lúcio Lins, portanto, um conterrâneo ilustre, notável, entre outras coisas, por ter dedicado boa parte de sua obra poética à cidade natal.

O primeiro contato de Eleonora com a poesia de Lúcio Lins foi por meio da música, mais especificamente “Duas Margens”, parceria do poeta com Chico César. O impacto foi tanto que ela decidiu incluir a canção no repertório de seu disco de estreia, Apetite (2000). Ainda antes do lançamento, os dois se conheceram e iniciaram um intercâmbio artístico que rendeu duas faixas de Pedaço de Sol (2007), trabalho que marca o retorno da cantora a João Pessoa e seu último registro em disco. Esta parceria é agora celebrada no EP, que traz composições inéditas, criadas por Eleonora após o falecimento do poeta em 2005.

Poesia musicada

“Duas Margens”, origem de toda trajetória, carrega alguns dos principais elementos que caracterizam a obra de Lúcio Lins. Não por acaso, estas características também percorrem as letras das seis faixas que compõem este EP. O uso de palavras simples, coloquiais, para expressar ideias antagônicas e complementares; a fusão entre atributos humanos e naturais, como se um universo se expressasse no outro; e a temática das águas, tão constante em seus versos, que tornou Lins conhecido como o Poeta do Mar. Em resumo, o eu-lírico mais presente nos textos de Lúcio Lins quer ser, ao mesmo tempo, gente, rio e mar, e, dessa maneira, ser mais que gente, mais que rio, mais que mar.

Nesse sentido, Eleonora Falcone se deixou navegar pelos poemas que mais lhe tocavam, buscando descobrir em sua voz as melodias sugeridas por cada um deles, para em seguida harmonizá-las ao piano. O intuito inicial era o registro em vídeo de um show que representasse as novas parcerias, além de outras canções assinadas por Lins.

Mas as águas desviaram o curso do projeto, desta vez concretamente: uma inundação na sala de concertos acabou forçando o cancelamento do espetáculo, o que conduziu à opção de gravar as músicas em estúdio. Além das composições, Eleonora Falcone assina a produção do EP. Os arranjos também foram dirigidos por ela e concebidos organicamente com o acordeonista Lucas Carvalho e o percussionista Gledson Meira.

Aliando simplicidade, versatilidade e profundidade – elementos que diferenciam a produção artística do poeta homenageado – Eleonora percebeu no acordeon e em instrumentos percussivos típicos, como a alfaia, o triângulo, a zabumba e o tambor, os timbres perfeitos para criar a sonoridade de ‘Mais que Mar’. “Gosto muito do formato de voz-acordeon-percussão, ao mesmo tempo simples e de grandes possibilidades, e que nos remetem a várias culturas, inspirações e influências. Fazer o máximo com o mínimo é algo que sempre busquei”, conta.

O disco

A ordem das faixas parece indicar, em diferentes níveis, um mesmo caminho que vai da melancolia resignada em “Sanhauá” (faixa de abertura, que inspirou clipe dirigido por Raphael Aragão) até a esperança ativa em “Dez Momentos de Pedra”. Se na primeira canção – que faz referência ao rio em cujas margens nasceu a cidade de João Pessoa –, há um sentimento íntimo de incompletude (uma incompletude de origem), na última, destacam-se a força, a dureza e o brilho, próprios daquilo que é pedra e que continua (ainda que mutável) ao longo do tempo. Os ritmos e, sobretudo, o canto de Eleonora Falcone acompanham este percurso. Pontuando o caminho, o voo sem corpo de “Vestindo o Poema”, a queda para o alto em “Poeta”, o misterioso naufrágio que “História Flutuante” sugere e o mantra “Medo do Escuro”, todas propondo um movimento de partida que sai do eu até o indefinido.

Juntas, as músicas apontam para a metáfora do rio que encontra uma trilha entre as pedras para seguir ao mar, compondo assim tanto a representação de uma trajetória individual específica, quanto a de uma coletividade, como a brasileira, que busca se reinventar.

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