João Pessoa: 438 anos de expansão e desafios urbanos sob o olhar do Jornal Correio

Capital paraibana registrou um dos maiores crescimentos populacionais entre as capitais do Brasil. Porém, a mobilidade urbana não tem acompanhado a evolução

O Portal Correio inicia hoje a série de reportagens “João Pessoa: 438 Anos de Fé, Cultura e Progressos“. Serão cinco matérias que vão abordar temas como mobilidade, o turismo, o esporte praticado em nossa orla e a fé do pessoense.

No dia 5 de Agosto, uma data importante para os paraibanos, é celebrado o aniversário da capital João Pessoa e também a fundação do estado. Neste mesmo dia, comemora-se o marco de 70 anos do Sistema Correio, uma história inteira dedicada a registrar as mudanças e o desenvolvimento da Paraíba e de sua capital. Ao longo de sete décadas, o Sistema Correio tem acompanhado de perto o progresso do estado, tornando-se uma referência na disseminação de informações e no compromisso com o progresso da sociedade paraibana.

Expansão urbana

João Pessoa se destacou nos últimos anos pelo crescimento populacional e também urbano. A região litorânea lotada de belas praias, a qualidade de vida e o clima agradável tem atraído turistas de outros estados, que decidem morar aqui, após passar um período de férias.

Av. Epitácio Pessoa (Foto: PMJP)

A história sempre nos conta que João Pessoa cresceu do Centro para o mar. Basta transitar pela Avenida Epitácio Pessoa, inaugurada em 1930, para compreender o processo de expansão da nossa capital.

A principal avenida de nossa cidade liga a Praça da Independência, no Centro, ao Busto de Tamandaré, em Tambaú. Em setembro 1953, uma das primeiras edições do Jornal Correio da Paraíba já destacava a praia de Tambaú como a mais bela e mais encantadora praia brasileira. Chegou-se até a cogitar que Tambaú fosse elevada à categoria de cidade. 

Do mar para o Sul

Com o passar dos anos, essa direção foi se modificando e o desenvolvimento da cidade chegou à zona Sul. Diversas obras de mobilidade, como o Viaduto do Cristo e o do Geisel, além do Trevo das Mangabeiras, contribuem para esse movimento. 

Aliado a isso, um estudo da Fundação de Instituto de Pesquisas Econômicas colocou a cidade com o metro quadrado mais barato do país em 2022. Segundo a doutora em Arquitetura e Urbanismo, a profª Glenda Dantas, isso explica o crescimento da população na cidade, especialmente na zona Sul.

Prédios no Altiplano Cabo Branco (Foto: Divulgação)

Com mais de 76 mil habitantes, o bairro de Mangabeira cresceu ao ponto de se conectar com o Altiplano, onde há o imobiliário mais luxuoso da capital, que consagrou João Pessoa como “a bola da vez” no Nordeste.

Entre as vantagens que estão atraindo a atenção dos investidores para João Pessoa está a infraestrutura de serviços, o comércio forte e as belezas naturais para o turismo.

Mobilidade sempre foi um problema

Porém, se o jardim de arranha-céus do Altiplano cresce a cada dia, quem transita por terra sente que a mobilidade da capital não tem acompanhado essa evolução. Não são poucas as reclamações de quem se movimenta pela cidade, nos mais diversos tipos de veículos.

Atualmente, quem depende de transporte público, por exemplo, enfrenta vários desafios para se locomover. Entre eles estão os atrasos nos ônibus, que enfrentam engarrafamentos durante todo o trajeto, além da falta de manutenção no transporte público.

Mas essa discussão não é recente. Na década de 50, o Jornal Correio da Paraíba já destacava as dificuldades enfrentadas no trânsito da capital paraibana. 

Em setembro de 1953, por exemplo, uma matéria relatou a estrutura dos bondes que trafegavam em nossa cidade. “Há muito tempo que os bondes andavam sem cortinas, molhando os passageiros pelo inverno ou castigando-os no Sol.”, diz um trecho do recorte histórico.

Por isso, quem deseja fugir desses transtornos, acaba adquirindo o seu próprio veículo para se locomover. Com mais carros circulando, o fluxo aumenta na cidade. Para contornar os problemas, especialistas defendem soluções para melhorar o trânsito e reduzir o tempo gasto nos deslocamentos diários.

Ciclovias como solução

Uma das saídas para reduzir os engarrafamentos são as ciclovias, espaços destinados ao trânsito por bicicletas. João Pessoa tem, atualmente, mais de 95 quilômetros de malha viária. Elas passam pelos bairros do Bessa, Manaíra, Tambaú, Cabo Branco, Quadramares, Seixas, Valentina e Funcionários, entre outros bairros.

Ciclovia na orla de Cabo Branco (Foto: Divulgação)

No entanto, a doutora em Geografia da Universidade Federal da Paraíba, a Profª Andrea Porto, que também é especialista em reestruturação urbana, afirmou que o uso do equipamento viário ainda não foi democratizado.

Plano de Mobilidade

Em maio do ano passado, o prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena, sancionou o Plano de Mobilidade Urbana da capital. Com o PlanMob, a prefeitura pretende aumentar em 30% os deslocamentos por transporte coletivo. Já as bicicletas terão um pouco mais de 9% de investimento na locomoção. O Plano também propõe, em médio prazo, um conjunto de 145,6 km de ciclovias.

O superintendente de Mobilidade Urbana, Expedito Leite Filho, explicou que o projeto está em funcionamento e citou algumas pontos.

Já em maio deste ano, o Departamento de Estradas e Rodagem da Paraíba iniciou uma obra que deve conectar o bairro do Cristo ao de Água Fria.  O viaduto terá uma extensão de 30 metros e a obra uma extensão de, aproximadamente, 1 km, com investimento de R$ 24,4 milhões.

Com a obra, o estado espera diminuir os constantes congestionamentos na região. A previsão é que o viaduto esteja pronto até o primeiro semestre de 2024.

Projeto do Viaduto de Água Fria (Foto: Reprodução)

VÍDEO: Assista abaixo o resumo desta reportagem

Na reportagem desta quarta-feira (2), você vai acompanhar os avanços nos projetos para contenção da barreira do Cabo Branco e de que maneira o problema deve ser solucionado.

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