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Amor supera rótulo de ‘Maria Chuteira’ no futebol

O preconceito ainda é um mal presente no dia a dia das mulheres brasileiras. No trabalho, na sociedade e também nos relacionamentos, as mulheres sofrem com rótulos e estereótipos. Quando se trata das esposas de jogadores de futebol, essa carga de preconceito é ainda mais forte. Porém, as mulheres dos craques do Botafogo da Paraíba (o ‘Belo’) mostram que a relação com os atletas é baseada no amor, na parceria e no companheirismo, contra o título pejorativo de ‘Maria Chuteira’.

Casada há 16 anos com o capitão e zagueiro do Belo Gladstone, Rafaela Menezes relata que está com o marido desde antes dele se tornar profissional. Depois de mais de 15 anos de relacionamento e dois filhos, o amor pelo esposo e pelo trabalho dele é o que sustenta a relação. “Acompanhei toda a carreira dele. Eu gosto muito dessa rotina. Sou Gladstone Futebol Clube e amo o que ele faz. É por ama-lo”, relata Rafaela.

Karen Dias, esposa do volante Allan Dias, também está casada com o jogador desde antes dele se tornar profissional e relata a satisfação em ver o marido feliz. “A gente se acostumou com as mudanças, por isso somos felizes por ele realizar um sonho de menino. A gente se conheceu na escola e eu acompanhei o sonho dele. Fico muito feliz em vê-lo realizar esse sonho”, diz emocionada.

Dificuldades e rótulo de ‘Maria Chuteira’

Porém, nem tudo são flores na jornada das esposas acompanhando os maridos pelos campos de todo o Brasil. Eduarda Castillo, recém-casada com o meia Mazinho, fala do preconceito e do rótulo de ‘Maria Chuteira’.

“Eu era a melhor amiga dele, não tinha intenção alguma, até nos encontrarmos depois de um tempo distantes e casarmos. Falam muitas coisas que não existem porque não vivem o que a gente vive. Não tem como ser ‘Maria Chuteira’ porque a gente sofre junto com eles, a gente apoia, fica ao lado deles quando sofrem, então precisam pensar bastante antes de falar esse tipo de coisa”, desabafa Eduarda.

Além disso, as constantes mudanças de cidade prejudicam os estudos dos filhos, como relata Andressa, esposa do lateral esquerdo Fábio Alves. “Já passei por 11 cidades diferentes com o Fábio, temos dois filhos que nos acompanham e a parte mais difícil é a escola das crianças, que a cada ano muda. Mas o propósito é manter a família unida, independente de onde for”, diz Andressa.

Família

Em meio às dificuldades, uma grande amizade surge no grupo das ‘belas’. Após uma confraternização de ano novo, as esposas dos jogadores decidiram se unir e formar uma grande família alvinegra.

“Ficamos meio tristes com a distância da família, mas encontramos outras famílias, que são as mulheres e os filhos dos jogadores. Já passei por muitos clubes com ele, mas aqui me identifiquei muito com as meninas. A gente vê uma união muito grande”, relata Amanda Alves, esposa do volante Rogério.

Casada há quatro anos com o camisa 10 da equipe do Belo, Marcos Aurélio, Rita Coutinho, acredita que a amizade com as esposas ultrapassa os limites do futebol.

“Estamos juntos há quatro anos. Eu acabo gostando da jornada. A gente conhece estados diferentes, pessoas diferentes e eu me adapto bem. Achei um pouco ruim no Sul, quando ele jogou pelo Coritiba, mas o Nordeste, eu amo e essas mulheres são abençoadas. Somos o porto seguro uma da outra; acabamos sendo a família. Não é só jogo, é uma coisa que vai além disso”, finaliza Rita.

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