O SAS Plataforma de Educação desenvolveu o Projeto ENEM, com apoio do Centro Universitário de João Pessoa (Unipê), apresenta aos futuros universitários uma série de fascículos contendo questões no modelo ENEM, obedecendo à estrutura aplicada no exame e à Matriz de Referência. Todo o material tem como ponto de partida o Raio X ENEM, uma pesquisa realizada pelo SAS que identificou os conteúdos mais recorrentes no Exame nos anos de 2009 a 2019.
Os fascículos são divididos por área de conhecimento, conforme aplicado na prova e estudado no seu dia a dia: Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, Ciências Humanas e suas Tecnologias, Matemática e suas Tecnologias e Ciências da Natureza e suas Tecnologias. Todos serão publicados no Portal Correio por meio do projeto ‘Conexão Enem’, com patrocínio do Unipê e Over Colégio e Curso.
Este é o primeiro fascículo do projeto a abordar a área de Ciências Humanas, englobando as disciplinas de História, Geografia, Filosofia e Sociologia, extremamente importantes para a construção do saber e a compreensão do mundo. Aqui, veremos os conteúdos que mais caíram ao longo do ENEM nessas disciplinas.
Em História, o ENEM tem dado, ano após ano, mais atenção aos fatos que acompanha a História Contemporânea, representada em 19,8% das questões. Logo em seguida, temas relacionados ao Brasil Colônia aparecem mais, com 12,6%. Em Geografia, são abordadas questões que estão diretamente em consonância com o dia a dia do aluno, por isso os temas Geografia agrária (17,6%) e meio ambiente (17,1%) são os mais citados na disciplina. Em Filosofia, 20,1% das questões tratam da ética e justiça, já em Sociologia, quem mais aparece são os mundos e as relações de trabalho na sociedade, 20,7%.
O próximo fascículo será sobre a área de Matemática. Logo voltamos a falar de Ciências Humanas.
Bons estudos!
1.
A obra reproduzida representa um importante momento da história de Portugal e do Brasil, que resultou na
O griot é um mediador dentro da sociedade; ele resolve conflitos e leva a calma. Ele é músico, cantor, contador de histórias, dançarino, um organizador das cerimônias sociais que utiliza a palavra como seu principal instrumento. Ser um contador de histórias não é mais do que uma pequena arte da vida de um griot. Frequentemente, vemos pessoas que exercem funções de griot e que são cantores, atores, mas não é porque elas exercem as posições que serão consideradas griot. O pertencimento vai além.
Hassane Kouyaté (griot) em entrevista ao Por dentro da África. LUZ, Natália da. Por dentro da África, 5 jun. 2013. Disponível em: <http://pordentrodaafrica.com>. Acesso em: 13 out. 2017.
O texto revela elementos da cultura africana relacionados à
3.
Não foram, contudo, só as religiões de origem africana que ajudaram na construção de novas solidariedades e identidades. O ensino do catolicismo a todo africano escravizado era obrigação dos senhores, o que também serviu de caminho para a organização de novas comunidades negras, principalmente quando agrupadas em irmandades leigas de devoção a um determinado santo. Essas associações religiosas de “homens pretos” eram não só aceitas como estimuladas pela Igreja Católica e pela administração colonial.
SOUZA, Marina de Mello e. África e Brasil Africano. 3. ed. São Paulo: Ática, 2012. p. 116.
O texto aponta uma das características da educação colonial que permitiu o(a)
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Em primeiro lugar, os lugares de memória são lugares em tríplice sentido: são lugares tangíveis, sejam ou não lugares físicos e dotados de materialidade, sempre apreensíveis sensorialmente, como no caso dos acordes da Marseillaise, ou dos sabores da gastronomia francesa. Em seguida, são lugares funcionais, carregados desde sua origem ou revestidos posteriormente da função de construir a memória francesa. Finalmente, são lugares simbólicos nos quais se adensam características emblemáticas da memória da França, vale dizer, de sua identidade.
PARADA, Maurício (Org.). Os historiadores: clássicos da história. vol. 3. Rio de Janeiro: Vozes, 2014.
Com base no texto, depreende-se que o conceito “lugar de memória”
5.
Que não só os meus vassalos, mas também os sobreditos estrangeiros possam exportar para os Portos, que bem lhes parecer a benefício do comércio e agricultura, que tanto desejo promover, todos e quaisquer gêneros e produções coloniais, à exceção do pau-brasil, ou outros notoriamente estancados, pagando por saída os mesmos direitos já estabelecidos nas respectivas Capitanias, ficando entretanto como em suspenso e sem vigor todas as leis, cartas-régias ou outras ordens, que até aqui proibiam neste Estado do Brasil o recíproco comércio e navegação entre os meus vassalos e estrangeiros.
Escrita na Bahia, aos 28 de janeiro de 1808.
Príncipe.
LISBOA, José da Silva. Observações sobre o Comércio Franco do Brasil. 1808. Rio de Janeiro, 1993. p. 190. (adaptado)
O trecho anterior, retirado de um documento oficial do período colonial, descreve o(a)
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Considerando o contexto histórico da Revolução Russa, o cartaz indica que o objetivo inicial dos bolcheviques era a
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8.
A projeção não foi elaborada para a simples representação do mundo, mas servia a finalidades práticas, à navegação. Nela, a forma de qualquer pequena área, tanto no globo como no mapa, é a mesma, enquanto, dada a variação da escala no mapa, áreas extensas, sobretudo nas altas latitudes, são objeto de deformações consideráveis.
SEEMANN, J. Mercator e os geógrafos: em busca de uma “projeção” do mundo. Revista de Geografia da UFC, n. 3, 2003. Disponível em: <www.mercator.ufc.br/mercator/article/view/159/127>. Acesso em: 8 dez. 2017. (adaptado)
A análise do texto e do mapa permite observar uma projeção
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Não cabe, todavia, perder a esperança, porque os progressos técnicos […] bastariam para produzir muito mais alimentos do que a população atual necessita e, aplicados à Medicina, reduziriam drasticamente as doenças e a mortalidade. Um mundo solidário produzirá muitos empregos, ampliando um intercâmbio pacífico entre os povos e eliminando a belicosidade do processo competitivo, que todos os dias reduz a mão de obra. É possível pensar na realização de um mundo de bem-estar, onde os homens serão mais felizes, um outro tipo de globalização.
SANTOS, Milton. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. 19. ed. Rio de Janeiro: Record, 2010. (adaptado)
A visão expressa no texto tece uma crítica a uma característica do atual processo de globalização relacionada à
Medidas foram aprovadas por unanimidade. Resolução proíbe quase 90% das exportações de produtos de petróleo refinado para o país e exige repatriação de norte-coreanos trabalhando no exterior dentro de 24 meses, entre outros itens. A resolução elaborada pelos Estados Unidos também irá limitar fornecimento de petróleo para a Coreia do Norte em 4 milhões de barris ao ano. Os EUA têm pedido para a China limitar seu fornecimento de petróleo para o país vizinho e aliado.
CONSELHO de Segurança da ONU impõe novas sanções sobre a Coreia do Norte. G1, 22 dez. 2017. Disponível em: <https://g1.globo.com>. Acesso em: 27 dez. 2017. (adaptado)
As sanções da ONU, referidas no texto, têm motivações relacionadas, principalmente, ao fato de a Coreia do Norte
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A prefeita da cidade italiana de Lampedusa, Giusi Nicolini, e a ONG francesa SOS Méditerranée conquistaram o prêmio Félix Houphouët-Boigny, atribuído pela Unesco a pessoas ou instituições que tenham contribuído para a promoção da paz. Segundo a entidade, Nicolini e a ONG merecem a honraria por terem salvado a vida de milhares de solicitantes de refúgio e deslocados externos no mar Mediterrâneo e por tê-los “acolhido com dignidade”. “Esse prêmio é uma grande honra para mim, para Lampedusa e para os lampedusanos. Mas é sobretudo um tributo à memória das tantas vítimas do tráfico de seres humanos no Mediterrâneo. Em um momento em que alguns pedem o fechamento das fronteiras e levantam muros, falando de uma invasão que não existe, sermos premiados com essa motivação nos faz sonhar com uma Europa solidária, onde a humanidade não tenha desaparecido”, comentou a prefeita.
PREFEITA de Lampedusa vence prêmio da Unesco pela paz. ANSA Brasil, 19 abr. 2017. Disponível em: <http://ansabrasil.com.br>. Acesso em: 8 jan. 2018. (adaptado)
A atitude da prefeita e da ONG, citada anteriormente, mereceu destaque por parte da ONU, pois
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Nos séculos XVIII e XIX, as grandes cidades da Europa conheceram o caos graças às elevadas taxas de concentração urbana e às péssimas condições às quais os trabalhadores (maioria da população) estavam submetidos. Em decorrência disso, os países desenvolvidos adotaram políticas de ordenamento e controle de suas cidades, praticando ora reformas urbanas, ora revitalizações de áreas antes relegadas ao acaso. Em razão dessa dinâmica caótica das grandes cidades, o seu espaço geográfico torna-se pouco atrativo para o investimento e para a instalação de grandes empresas. Tal fator, associado à chamada “guerra fiscal”, possibilita a formação de um processo antigo nos países centrais e recente em países emergentes: a desmetropolização. Esse processo ocorre quando há certa “fuga” de empresas que, em razão dos motivos acima explicitados, migram para o interior do país ou até mesmo para outras regiões do globo.
PENA, Rodolfo Alves. Metropolização. Brasil Escola. Disponível em: <http://brasilescola.uol.com.br>. Acesso em: 10 jan. 2018.
Com base no texto, o processo de desmetropolização resulta na
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Na verdade, nenhum molde foi quebrado sem que fosse substituído por outro; as pessoas foram libertadas de suas velhas gaiolas apenas para ser admoestadas e censuradas caso não conseguissem se realocar, através de seus próprios esforços dedicados, contínuos e verdadeiramente infindáveis, nos nichos pré-fabricados da nova ordem […]
BAUMAN, Zygmunt. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.
De acordo com Bauman, a modernidade fez com que o ser humano
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Ao investigar a violência contra travestis em sua tese de doutorado na USP, a psicóloga Valéria Melki Busin percebeu que, em geral, a intolerância é motivada pela ruptura do gênero imposto socialmente. Sem conseguir formalizar seu nome e gênero, as travestis enfrentam dificuldades em processos seletivos profissionais e para prosseguir com os estudos. Helena Vieira, mulher trans e pesquisadora da Universidade Federal de Integração Luso Afro Brasileira, defende a responsabilidade do Estado na garantia da dignidade da população trans. A primeira maneira é permitir o reconhecimento de forma simples, sem que seja necessário um laudo médico ou a submissão a tratamentos. Depois, com a criação de mecanismos de empregabilidade e acesso à educação. E, por fim, com medidas de proteção em relação à violência e à transfobia. As mudanças propostas não vão afetar as pessoas que não estão nesse universo. Por isso, defendem pesquisadores e transexuais, não faz sentido classificá-las como “ideologia”. Não se trata de uma tentativa de impor uma visão específica sobre o tema, mas de discutir medidas de inclusão para uma população específica.
DIAS, Tatiana. Gênero não é “ideologia”. É identidade. Nexo Jornal, 5 nov. 2015, Disponível em: <https://www.nexojornal.com.br>. Acesso em: 29 set. 2017.
O texto contrapõe o conceito de “ideologia de gênero” com base no argumento de que o (a)
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A tirinha anterior sugere que a ética é um valor
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Milhões de dinheiro
Gastado em uma Disneylândia de hipocrisia
Visando uma cultura de massa
Muitos a trabalho
Por uma ilusão de ótica
Querendo esconder…
O que os olhos de verdade querem ver.
“Cultura de massa”, de Skolyoze
A crítica contida nos versos anteriores é destinada à
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Se analisarmos o sistema financeiro, verificamos que estamos perante o ramo do capital mais globalizado e mais imune às regulações nacionais. O seu poder tem ainda outra fonte: a rentabilidade do investimento produtivo (industrial) a nível mundial é, no máximo, de 2,5%, enquanto a do investimento financeiro pode ir a 7%. Trata-se de um sistema para o qual a soberania de duzentos potenciais reguladores nacionais é irrelevante. Estamos perante novas manifestações da globalização, algumas delas bem perigosas e patológicas. A soberania dominante, combinada com a autorregulação global do capital financeiro, dá azo a fenômenos tão diversos quanto subfinanciamento dos sistemas públicos de saúde e educação, a precarização das relações laborais, a chamada crise dos refugiados, os Estados falidos, o descontrole do aquecimento global, os nacionalismos conservadores.
SANTOS, Boaventura de Sousa. A ilusória desglobalização. Outras palavras, 14 out. 2017. Disponível em: <http://outraspalavras.net>. Acesso em: 15 out. 2017. (adaptado)
Sobre a nova fase da globalização, o autor analisa que a dinâmica entre o sistema financeiro e as soberanias nacionais, realiza-se na
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Um artista é um produto e, antes de vender sua música, ele, dentro do grande circo da indústria fonográfica, vende uma ideia, vende roupa, vende estilo, vende o discurso, a marca da camiseta, os acessórios, o cabelo etc. E, por último, a música, que nada mais é do que a trilha sonora para o produto em exposição.
Disponível em: <http://dialeticasocial.blogspot.com.br>. Acesso em: 5 fev. 2018. (adaptado)
Com base no texto, grande parte da produção artística, na contemporaneidade,
COMENTÁRIOS
A imagem faz referência ao episódio da vinda da família real portuguesa para o Brasil, decorrente da ameaça napoleônica, que resultou na elevação da colônia à condição de reino unido.
A figura do griot faz parte da cultura africana desde a antiguidade. No texto, percebe-se que ainda é um elemento importante na transmissão da história e da cultura, e, por sua existência na atualidade, é possível perceber a preocupação africana na preservação de tradições, especialmente da cultura oral.
A educação católica para os negros acabou por orientar processos de pacificação e integração social, por meio do estímulo a novas solidariedades. Entretanto, esse estímulo tinha o intuito inicial de cristianização dos adeptos de religiões de matriz africana, bem como a disseminação da religião católica para os demais colonos. E essa dinâmica também era favorável ao controle da Coroa portuguesa sobre a colônia.
Os lugares de memória podem ser delimitados, constituindo espaços, locais e objetos, tendo orientação emotiva, sagrada ou idealizada.
A Carta Régia de 1808 estabeleceu a abertura dos portos brasileiros às nações amigas. Isso provocou o fim do pacto colonial, pois foi permitida a comercialização entre o Brasil e outros países além da metrópole portuguesa.
O cartaz demonstra a decisão bolchevique de defender os princípios da revolução, mesmo por meio da força. Os bolcheviques compreendiam que a efetivação da Revolução e da implantação do regime socialista eram de extrema importância para o desenvolvimento do país e da implantação de uma justiça social, por esse motivo, dispuseram-se a lutar pela revolução de forma violenta, e não apenas por meio da diplomacia.
O climograma apresenta todas as características do clima tropical típico. Sempre quente (com queda de temperaturas no inverno), com chuvas concentradas no verão e marcado período seco no inverno. Essas características são típicas de locais como Brasília, no Centro-Oeste.
A projeção de Mercator é conforme, ou seja, não distorce formas, entretanto, altera as áreas relativas das massas continentais. Embora alguns estudiosos afirmem que Mercator não tinha noção dos impactos socioculturais de sua projeção, há, nela, um reflexo da visão colonialista do mundo, em que o Norte predomina sobre o Sul.
A globalização em que o mundo atual está inserido abrange características como o aumento das relações entre os povos e indivíduos e a sensação do encurtamento das distâncias, provocando a ideia da existência de uma Aldeia Global. Entretanto, Milton Santos, como se pode ver pelo texto utilizado na questão, afirma que ainda há muito a se pensar sobre uma globalização que leve em consideração a necessidade de desenvolvimento solidário entre países desenvolvidos e em desenvolvimento. Para esse estudioso, a raiz das mazelas encontradas no processo atual de globalização está relacionada à extrema competitividade existente entre as potências hegemônicas, característica que prejudica um real compartilhamento global de bens e serviços de qualidade para toda a população mundial.
O desenvolvimento de mísseis intercontinentais e de armamento nuclear pela Coreia do Norte traz sérias ameaças, principalmente à Coreia do Sul, ao Japão e aos Estados Unidos, criando tensões mundiais, o que motivou as sanções impostas pela ONU àquele país.
Diante do atual contexto de guerras, sobretudo em países do Oriente Médio, uma grande quantidade de pessoas sai dessas áreas de conflito em busca de melhores condições de vida e de segurança. Por estar geograficamente próxima dessas áreas, a Europa é o principal destino desses refugiados. Entretanto, muitos países, com políticas nacionalistas, rejeitam a entrada dessas pessoas devido a fatores como a xenofobia. A atitude da prefeita de Lampedusa e da ONG, retratada na matéria, vai de encontro a essas práticas ultranacionalistas, acolhendo essas pessoas.
O fenômeno da desmetropolização vem ocorrendo nas últimas décadas nos países centrais e, desde a virada do milênio, também ocorre nos periféricos. As cidades médias são áreas urbanas, contudo menores e mais fáceis de ordenar que as grandes metrópoles. A falta de trabalho, de moradia e segurança, além do deslocamento demorado, faz com que a população migre para centros urbanos de médio porte em busca de melhor qualidade de vida. Assim, as cidades médias têm se expandido e atraído cada vez mais investimentos para seus territórios.
Uma das características do homem moderno é a frustração ante a realidade com a qual se depara, pois, ao imaginar que rompeu com antigos moldes, vê-se, na realidade, preso a outros, criados para que haja uma alocação na sociedade.
Partindo do princípio de que identidade de gênero não é a mesma coisa que sexo biológico e orientação sexual, pessoas que se identificam com o gênero oposto ao seu biológico, os transexuais, têm dificuldades de lidarem com a sensação de inadequação entre a identidade e o corpo, enfrentando também preconceito e marginalização social. Contrapondo-se ao discurso de medo, presente em muitos opositores, pesquisadores, militantes e movimentos sociais ligados à causa LGBT argumentam que políticas públicas nas áreas da educação e da saúde visam oportunizar o diálogo como instrumento de combate ao preconceito e à violência. Logo, não há uma imposição ideológica, já que medidas concretas apenas possibilitariam a inclusão social com dignidade e cidadania a uma população ainda desprovida desses direitos.
A tirinha representa a ideia de que há falta de ética no cotidiano, como se fosse um valor antigo e não praticado pelas pessoas, a exemplo dos atuais casos de corrupção e das fake news.
A sociedade do espetáculo é a mesma sociedade dita consumista, e a mídia teria grande papel no fomento dessas questões, tendo em vista que o lucro obtido por meio desses veículos é exorbitante. Além disso, para a grande mídia, que é influenciada pelas camadas dominantes, é interessante que não haja uma programação voltada para a difusão do conhecimento, já que isso representaria maior reflexão e, em consequência, menor número de consumidores. Assim, a crítica dos versos é direcionada à ausência da disseminação de uma formação humana consistente por parte da mídia em geral.
O autor rejeita a tese de que a emergência de nacionalismos (Brexit e Catalunha, por exemplo) e políticas protecionistas (cujo melhor exemplo é o governo Trump nos EUA) sejam indicativos de que a globalização esteja em colapso. Defende que o que se observa é uma nova fase da globalização, mais liberalizante, desregulada e potencialmente danosa aos sistemas políticos nacionais, porque não só a economia, mas os próprios Estados (orçamentos, receitas) são cobiçados pelo poder financeiro internacional. A aguda concentração da renda mundial observada na primeira década do século XXI é indicador sugestivo desse novo paradigma, qual seja, o da riqueza que gera mais riqueza sem produzir algo novo. Os Estados nacionais, que precarizam seus sistemas públicos de saúde e educação, desregulam as relações trabalhistas e a proteção ao meio ambiente, criam as condições para o avanço predatório do capital, cuja expressão evidente é o pagamento dos juros da dívida pública, transferência indireta das soberanias nacionais para o sistema financeiro internacional.
A indústria cultural impõe padrões à produção artística que, segundo alguns críticos, tem se tornado cada vez mais um produto a ser vendido.