Em meio a uma das maiores crises políticas da República, o Brasil se prepara para mais uma eleição – a primeira sob a égide de uma legislação com potencial para iniciar (ainda que de forma acanhada e incipiente) regime espartano nos comitês de campanha.
E nunca estivemos tão conscientes da necessidade de baratear o processo eleitoral!
O voto brasileiro é um dos mais caros do mundo. E não estou falando exatamente da compra ilegal. Toda a estrutura montada para convencer o eleitor é nababesca.
De onde vem tanto dinheiro?
Não podemos afirmar a origem (embora as suspeitas gritem), mas de uma coisa temos certeza: estamos pagando um preço alto demais por essa carestia.
Ou alguém ainda duvida que o custo do voto é a raiz da celeuma que sacode neste instante as estruturas do País?
Já disse uma vez e repito: a conta não bate. O custo da eleição é infinitamente maior do que os salários pagos nos cargos públicos – seja no parlamento; seja no executivo.
A maioria dos nossos políticos, porém, não empobrece. E a Lava Jato está nos mostrando porque.
No final das contas, esse voto tão caro é pago pelo País. Pelos brasileiros.
E é por isso que celebro o endurecimento da lei eleitoral. Se não é a reforma política que sonhamos – e precisamos – pelo menos é um começo.
A principal mudança está centrada nas doações. A “generosidade” milionária das empresas está terminantemente proibida. Somente pessoas físicas poderão doar e com teto estabelecido por seus rendimentos.
É vacina cem por cento eficiente contra a praga do caixa 2 de campanha? Ainda é cedo para atestar. Mas certamente iniciamos um processo de “cura” dessa moléstia histórica.
Demos o ponta pé inicial para o tratamento, expurgando as Odebrechts que tanto contaminam a cena política.
O Brasil precisa, e disso não tenho dúvida, é que os principais personagens do nosso enredo democrático estejam a sós – eleitores e seus candidatos.
Com o poder do dinheiro diminuído, temos chance de ver candidaturas mais comprometidas com o povo. E – quem sabe? – de criar a cultura do voto consciente.
Uma coisa é certa: secando a fonte, o rio também seca.
Viabilizando que sejam esturricadas, por tabela, as enxurradas de barganhas e compromissos nada republicanos que a Lava Jato tem nos convidado a vislumbrar.
É um fio de esperança.
Pode ser tênue. Com certeza é frágil. Mas, em meio a tamanha tormenta, é uma possibilidade onde podemos nos atar.