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Fragilidade

“Vós não sabeis o que sucederá amanhã. Que é a vossa vida? Sois, apenas, como neblina que aparece por instante e logo se dissipa.” – Tiago 4:14

Domingo, 9, Dia dos Pais. A foto principal do Jornal Correio é ilustrada pela família Barros – o pai, Wagner, e seus filhos Wlinik, 16, Wendel, 13, Yuri, 9 e o pequeno Ícaro, 4.

O pai surfista e seus pequenos campeões, amorosa e persistentemente forjados no vai e vem das ondas de Intermares, formavam o retrato perfeito para comemorar a data.

E encaixavam como uma luva em nossa determinação de prensar uma mensagem mais positiva em meio a tantas notícias ruins, que a imprensa tem sido pautada a publicar neste Brasil em crise e assombrado pela violência.

Sábado à tarde, com o jornal já rodado e sendo encaminhado para as bancas e casas dos assinantes, veio a notícia:

Na véspera do dia dos pais, Wagner perdeu seu pequeno campeão.

Ícaro, que se destacava na foto com seu braço erguido em sinal de vitória e uma expressão que revelava como foi sapeca na sua breve existência, havia partido.

Sua prancha inseparável não vai mais voar sobre as ondas, como fazia inspirado pelo homônimo mitológico.

Primeiro, a dor.

Toda a família Correio, e em especial a equipe de reportagem que teve a honra de compartilhar da intimidade de Wagner e sua prole, o lamento profundo pela despedida do pequeno campeão.

Em seguida, a gente se volta para a vida, olhar perdido no firmamento, a se interrogar:

Por quê?

A inclinação natural é pensar que se trata de uma fatalidade.

Mas, na verdade, a morte tão prematura de Ícaro, provocada (imaginem) por um Acidente Vascular Cerebral (AVC), nos obriga a encarar – em todas as assustadoras dimensões – a fragilidade da vida.

A culpa não foi de um tubarão atrevido. Nem de uma queda. Ou de um atropelamento.

Não foi, em resumo, uma casualidade que nos tirou Ícaro.

O “mascote” dos atletas que treinam na praia de Intermares – o mais jovem integrante dessa promissora legião de surfistas que a Paraíba tem apresentado ao mundo – deixou esse adeus súbito, seguido da inequívoca mensagem:

Como somos frágeis!

E como é leve – quase insustentável – esse elo que nos mantém vivos.

Apenas, de fato, uma neblina – fadada a desaparecer a qualquer instante.

À Ícaro e aos seus, meu desejo de que tenham sido instantes preciosos.

O menino do mar foi para os céus.

Em mais uns instantes, iremos todos nós.

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