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Hospital é suspeito de negligência após morte de criança

Uma criança de três anos morreu na sexta (24), em João Pessoa, e os pais da menina acusam um hopistal privado de ter negligenciado o atendimento de urgência. Alice Rafaela teria sofrido um Acidente Vascular Cerebral (AVC) com possíveis complicações.

A professora de Educação Física mãe da criança, Jéssica Bruna, disse ao Portal Correio que a filha acordou chorando na manhã do dia 18 de abril, com fortes dores de cabeça, algo até então incomum porque ela não aparentava ter nenhum problema de saúde. A criança também teria apresentado sinais de convulsão.

Alice foi socorrida pela família para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Cruz das Armas, em João Pessoa, e depois para o hospital privado João Paulo II, onde, segundo Jéssica, a equipe médica não fez o atendimento de urgência porque a cobertura do serviço não estava autorizada pelo plano de saúde devido a um período de carência. Os pais da criança gravaram vídeos no hospital particular para registrar o conflito e os divulgaram nas redes sociais.

Sem atendimento, os pais seguiram para o Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW), mas devido ao quadro de saúde da criança ter se agravado, ela foi encaminhada para o Hospital de Trauma Senador Humberto Lucena, onde passou por uma cirurgia de urgência, mas não resistiu. Jéssica Bruna explicou que, no Trauma, recebeu a informação de que a criança sofreu um AVC com complicações.

A jornada entre o primeiro sintoma da criança e a cirurgia durou oito horas. No Trauma, a morte cerebral ocorreu no dia 22 de abril, mas os equipamentos só foram desligados na sexta-feira (24) após todos os protocolos necessários para confirmação da morte.

O Hospital João Paulo II se negou a prestar informações sobre o caso à imprensa, dizendo apenas que iria divulgar uma nota com explicações.

Hospital

Em nota divulgada no fim da tarde desta segunda-feira (27), o Hospital João Paulo II disse que recebeu a criança por meio de unidade móvel, acompanhada por equipe médica de apoio, no colo da mãe e com hipótese diagnóstica de meningite.

Segundo o hospital, naquela ocasião, o quadro de saúde era estável, sem febre, sem convulsão e sem necessidade de oxigenoterapia, conforme informações da médica assistente da unidade móvel para a médica plantonista do Hospital João Paulo II.

“É importante destacar que, quando ocorrida a chegada da criança neste hospital, não havia emergência, e se tratava de uma solicitação de internamento eletiva para investigação da hipótese de diagnóstico realizada na UPA, situação para a qual a paciente estava sob período de carência junto a seu plano de saúde”, disse o hospital.

O João Paulo II disse que o quadro de saúde da criança era estável, sem emergência e confirmou que houve o período de carência do plano de saúde. “A instituição diligentemente realizou o encaminhamento para o hospital de referência para tratar doenças infectocontagiosas, o Hospital Universitário. Este, por sua vez, ao descartar, por meio de exames, a hipótese diagnóstica anterior, redirecionou a paciente para o Hospital de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena, referência no tratamento da patologia detectada pelos exames”.

O hospital disse na nota que a criança não permaneceu nas dependências do João Paulo II por mais de 30 minutos e durante o processo entre a entrada na UPA até o Hospital de Trauma a paciente teria sido assistida pela médica e equipe da unidade móvel.

“Destacamos que a criança foi corretamente encaminhada para hospital de referência, recebendo atendimento, realizando exames e tratamento adequados. Entretanto, quase uma semana depois, infelizmente, ela veio a falecer, contudo sem qualquer influência da conduta desta instituição, que buscou salvaguardar a vida da paciente. Lamentamos e nos solidarizamos com a família da paciente pela perda inestimável. Nos colocamos à disposição da família para eventuais esclarecimentos”, finalizou.

CRM vai apurar

O Conselho Regional de Medicina (CRM-PB) informou que a Corregedoria vai investigar o caso por meio de sindicância para apurar se houve infração ética da equipe médica envolvida no caso.

Segundo o CRM, as sindicâncias dos conselhos de medicina são realizadas após a denúncia formal na entidade, seja através de familiares, da Comissão de Ética Médica do hospital ou do diretor clínico, assim como, quando se faz necessário, de delegados de polícia, juízes ou promotores. “Os conselhos podem abrir sindicância ex-officio, por iniciativa própria, a partir de informes veiculados nos meios de comunicação”, disse o CRM.

“Em todos os casos, há um período de análise de tudo que for apurado e, em seguida, se forem constatados indícios de infração ética médica, é instaurado um processo ético-disciplinar contra os profissionais envolvidos. Todo o trabalho é bastante cauteloso e segue os trâmites do Código de Processo Ético-Profissional”, informou.

O CRM-PB lamentou o caso. “O CRM lamenta e se solidariza com a família de Alice, que faleceu na última sexta-feira (24), conforme informações compartilhadas nas redes sociais, e reafirma o seu compromisso com a sociedade e com a boa prática médica”.

*Atualizada para incluir a posição do Hospital João Paulo II

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