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Ícones da moda: conheça peças atemporais

Especialista do Unipê traça um panorama histórico de cinco peças comuns do nosso cotidiano

A moda é um reflexo das sociedades. E é por isso que ela muda bastante e influencia culturas distintas. Já reparou que cada país tem códigos de vestimenta específicos? Pois é! Isso pode ser ampliado para estados de um país, cidades e suas comunidades. Mas, de forma global, há peças que marcaram e continuam marcando presença hoje.

Segundo a historiadora e Profa. Dra. Mirella Braga, dos cursos de Direito e de Serviço Social do Unipê, as peças e ou tecidos icônicos da moda, influentes aqui no Brasil também, são o jeans, a camisa polo, o biquíni, o moletom e o tênis. E, para ela, são atemporais.

“Todas as peças são usadas no país. Com estampas e ressignificados, com versatilidade, identidade nacional carregada de símbolos nacionais e regionais. Seja o biquíni, o moletom, o tênis, a camisa polo e o jeans. A moda brasileira expressa tanto os valores de nossa cultura como as riquezas e as diversidades naturais do país em todos os produtos que geram lucros e são verdadeiros ícones desse universo”, analisa a professora.

Para saber mais sobre eles, Mirella elaborou um pequeno panorama histórico de cada um. Confira abaixo!

Jeans

Peças jeans, com destaque para a calça jeans. Moda e jeans estão atrelados há bastante tempo: hoje, o uso é cotidiano para pessoas de diferentes esferas sociais. As peças produzidas com jeans são tendências, marcos da juventude e idealizam a “modernidade” de quem as usa, diz Mirella. Mas, quando o produto foi pensado em 1972 na cidade de Nîmes, França, era pouco maleável, rígido e tingido em tons de marrom.

“Logo após o processo de Revolução Francesa (1789), em que a Europa e o mundo viviam ‘novos tempos’, destacamos a criação do jeans. No início, o tecido era chamado de Nêmes, passando a ser abreviado para denim. O denim é o tecido obtido a partir do algodão trançado usado para fazer o jeans, roupas de trabalhadores. 50 anos depois, o inventor e visionário Levi Strauss importou o jeans para os EUA e adaptou-o para uma versão mais confortável e maleável, com a intenção de confeccionar roupas de trabalho para os mineradores. Em 1873, Levi e o alfaiate Jacob Davis patentearam a primeira calça jeans da história: a Levi’s”, conta.

Camisa Polo

Criada em 1926, a Camisa Polo foi idealizada pelo francês Jean René Lacoste, que era jogador de tênis e adaptou os uniformes tradicionais usados nas partidas do esporte. À época, eram camisas de mangas compridas e gravata. Mas, Jean criou uma camisa de manga curta, com colarinho e botões: era a primeira Polo.

“Há a quebra do padrão do uniforme dos jogadores, e de quebra o lançamento de uma que viria a ser a famosa grife. René Lacoste, junto a André Gillier, fundou a Lacoste em 1933. René tinha sido apelidado de ‘Le Crocodile’ (crocodilo, em francês) pela imprensa americana durante a Davis Cup em 1927, por causa de uma aposta que valia uma mala de pele de crocodilo. O animal acabou virando o símbolo da marca”, aponta.

Biquíni

O biquíni foi criado em 1946 por Louis Réard e a primeira mulher a usá-lo foi Micheline Bernardini, dançarina francesa, em uma piscina pública de Paris. O nome da peça é uma alusão a ilha Bikini (Estados Unidos), onde se faziam testes com bombas nucleares.

“Em meio ao caos da II Guerra Mundial, a militância das mulheres pelo protagonismo delas nos ambientes públicos e pelo domínio do corpo, o biquíni surgia. No Brasil, a primeira aparição pública da peça ocorreu em 1948, com a modelo Miriam Etz. Assim como a calça jeans, o biquíni é uma peça que ressignifica o modo de ser e de pertencer, especialmente para as mulheres”, comenta Mirella.

Tênis

Pensou em um calçado e veio logo a imagem de um par de tênis? Sim, ele é icônico, não à toa aparece no nosso pensamento! Idealizado para o esporte, com a primeira peça surgida na segunda metade do século 19, hoje é parte do cotidiano de milhares de pessoas no mundo, representando leveza e praticidade.

A época de sua criação era um marco histórico com a Revolução Industrial: a borracha vulcanizada entrou em ação; quando aquecida e misturada ao enxofre, se tornava flexível, impermeável e não mudava de rigidez. Essa invenção ocorreu em 1839 pelo químico americano Charles Goodyear.

“No entanto, o primeiro calçado de lona utilizando a tecnologia foi lançado somente em 1892. Vale destacar que os fabricantes de pneus foram os grandes responsáveis por produzir tênis, em vez de os sapateiros. Os primeiros calçados atléticos mais próximos da forma que são conhecidos atualmente foram lançados pela Reebok (que se chamava Bolton), em 1852”, cita a historiadora

Moletom

Dizem que os primeiros moletons foram criados no início dos anos 1920 para proteger os atletas que usavam um suéter de lã, geralmente cinza, antes e depois do treino para se aquecer. Outra versão: foram confeccionados para proteger os trabalhadores das baixas temperaturas e ventos na década de 1930, em Nova York.

Isso mudou no fim da década de 1920, quando a empresa Russell fez o primeiro moletom. “Simples, solto no corpo, macio e ainda cinza, o agasalho foi um sucesso. Pouco tempo depois saiu do ambiente esportivo e o tecido começou a ser usado para fazer diversas outras peças do vestuário masculino e feminino. Até hoje a peça destaca-se como atemporal”, considera a docente.

E quais são as expectativas? Para Mirella, o futuro dessas peças é incerto, mas o passado dá pistas quanto ao processo inicial inventivo. Modelagens, estampas e significados as atualizaram e atualizam e a tendência é que ajudem a construir identidade em diferentes lugares. “A moda é mesmo cultura, e cultura é movimento”, finaliza.

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