Igreja, f? e pol?tica

O arcebispo metropolitano da Paraíba, Aldo di Cillo Pagotto divulgou ‘Nota Normativa’ admoestando sacerdotes e leigos à serviço da Igreja, a não se envolverem com a campanha política, seja como candidatos ou cabos eleitorais. Deixa claro que essa é a orientação do Papa Francisco e dos Bispos do Regional NE II, e que aqueles que desrespeitarem serão suspensos.

O trecho da mensagem do Papa, transcrito por Dom Aldo, deixa claro os motivos da Igreja: “Diversamente, os sacerdotes devem permanecer afastados de um engajamento pessoal na política, a fim de favorecerem a unidade e a comunhão de todos os fiéis. Assim poderão ser uma referência para todos”.

A Igreja sabe como o poder político atrai, seduz e divide; como os projetos partidários confrontam pessoas. Quer ser território livre desses interesses e ao alcance de todos. E como os sacerdotes que estão na política não aceitam desistir, torna pública sua posição.

Na Paraíba temos pelo menos dois nomes de destaque – os deputados padre Luiz Couto e Frei Anastácio, ambos candidatos a reeleição. A nota deixa claro que até o fim dos mandatos estão “impedidos de celebrar os Sacramentos – sobretudo a Celebração (ou concelebração) da Eucaristia”.

A preocupação evidente na nota de Dom Aldo é de que a fé dos fieis não seja usada para garantir votos ou cargos de poder. Por isso a Igreja também proíbe os clérigos de assumirem cargos públicos que impliquem participação no exercício do poder civil. Com isso, espera fechar a porta inclusive para apoios que poderiam ser retribuídos com esses cargos.

E o cuidado estende-se aos que trabalham nas pastorais, sempre em contato com os mais carentes. Na nota, Dom Aldo revela a preocupação que possam apoiar projetos contrários aos valores cristãos e cita como exemplos o aborto, as invasões de terra e o casamento gay. Adverte que “não tentem fazer da Igreja cabo eleitoral, confundindo os fieis”.

Como 77% dos paraibanos são católicos (Censo de 2010), está mais do que justificado o desassossego do Arcebispo diante dos riscos e possibilidades próprias do período eleitoral.