Os brasileiros sabem que o Brasil está atravessando um deserto econômico:
O desemprego atinge 14,2 milhões de trabalhadores; o PIB encolheu 7 por cento nos últimos três anos.
Nestas condições de temperatura e pressão, o normal seria (perdão pelo neologismo e comparação) “camelar” sem dó nem piedade – gastando menos e trabalhando mais na perspectiva de encontrar mais rápido o nosso oásis.
Uma missão que tem que ser abraçada por TODOS (o grifo maiúsculo é para que fique bem entendido que isso significa a união de esforços entre trabalhadores, empregadores e, principalmente, setor público).
Infelizmente, o esforço brasileiro é minúsculo.
Do tamanho da inconsciência coletiva do dano que provocamos ao País com nosso ócio institucionalizado.
E o mês de abril nos dá a exata medida de quão miúdo tem sido o empenho brasileiro para encurtar este deserto.
Veja como a conta é assustadora:
Mês passado, o País parou por exatos 14 dias!
Ou seja: metade de abril a nação ou estava de folga ou em regime de trabalho facultativo – um stand by que colocou o País por quase duas semanas em ponto morto.
Vamos aos cálculos:
Começamos abril num final de semana, num mês absurdamente pródigo em sábados e domingos. Foram cinco pausas de fim de semana, esticadas pelos feriados da Semana Santa e Tiradentes, mais a greve.
Pode tirar a prova dos nove: exatamente 15 dias sem que a nação batesse um prego numa barra de sabão, já que começamos o mês de maio com mais um feriado: não trabalhamos no dia 1º, justo o dia do trabalho.
É como se privasse o doente da UTI duas semanas sem medicação.
Que economia resiste?
Sem o alento das metáforas, atesto: este não é, definitivamente, comportamento de um País preocupado em se reencontrar economicamente.
Por negligência, estamos construindo o óbito da nação!
De quem é a responsabilidade?
Plural, sem dúvida. Mas, se tivesse que pinçar um culpado maior desse descaso, apontaria na direção do setor público, que não enfrenta essa agenda. E é sempre o primeiro a apertar o botão do ócio.
Porque seus salários estão a salvo, faça chuva ou faça sol.
Mesmo assim, choram as pitangas.
Em breve assistiremos prefeitos maldizerem o encolhimento dos repasses constitucionais, sem jamais fazerem a mea culpa pelos pontos facultativos que tão graciosamente multiplicam.
Quem precisa construir sua renda dia após dia, sabe o quanto essas pausas custam.
Como conseguir honrar os compromissos, pagar as contas e salários em um abril que começou tarde e terminou cedo produtivamente?
Escavando rombos. Pois essa conta não fecha.
Ou não temos consciência do dano ou já aceitamos nos sepultar enquanto nação.