Um grupo de 36 indígenas venezuelanos receberam uma casa para morar em João Pessoa. A entrega das chaves aconteceu na última sexta-feira (14), em visita do cacique Epifanio Moreno, da etnia Waraos, à sede da Ação Social Arquidiocesana da Paraíba (ASA). O líder indígena está há quase três meses no Brasil. Agora, ele e mais 35 pessoas, entre adultos e crianças, terão alimentação e assistência social e de saúde garantidas.
O secretário-executivo da ASA, padre Egídio de Carvalho Neto, diz que a entrega da casa dá segurança e dignidade para que os refugiados consigam reconstruir suas vidas. De acordo com ele, muitos venezuelanos se tornaram vítimas de abuso no Brasil. “Como não tem para onde ir, eles acabam caindo numa rede de exploração que os obriga a pedir esmolas em troca de um lugar para dormir”, denuncia o sacerdote.
Desde fevereiro, a Arquidiocese da Paraíba desenvolve um trabalho de acolhimento dos índios da Venezuela, que fugiram da grave crise política, econômica e social que assola o país. Na Paraíba, 222 indígenas estão abrigados em quatro casas, onde poderão ficar o tempo que quiser. As residências alugadas são visitadas semanalmente por representantes da ASA e de serviços públicos.
Todos os venezuelanos acolhidos são inscritos em programas assistenciais do Governo Federal e têm a documentação regularizada. Uma vez por mês, os caciques se reúnem com a coordenação da ASA para uma avaliação.
A rotina e administração das unidades habitacionais são definidas pelos indígenas. “Não interferimos na cultura deles. A forma de se alimentar, de dormir e da própria organização social e familiar é deles. Nosso papel é garantir que todos tenham o direito de viver dignamente”, diz padre Egídio.
Além de moradia, alimentação e acesso aos serviços públicos, os Waraos que vivem na Paraíba recebem apoio para empreender. Por meio de doações de materiais básicos para artesanato, os imigrantes confeccionam acessórios típicos da cultura indígena venezuelana. Os produtos são expostos em feirinhas organizadas pela ASA.
“É um povo, apesar de tudo, muito feliz. Que canta, dança e reza muito. Na semana passada, por exemplo, eles passaram quatro dias em oração, quando perguntei o motivo me disseram que era pelo Brasil, pela Venezuela, pelos índios Waraos espalhados pelo país e, em especial, pelas crianças”, afirma padre Egídio, que contabiliza entre os indígenas mais de 150 católicos.