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Instituição resgata vida de mulheres com dependência química

Renata (nome fictício) tem apenas 15 anos, mas uma história que poucos adultos teriam para contar. Das crises de violência provocadas pelo ecstasy, aos três assassinatos que cometeu a mando de um traficante, foi uma intensa caminhada pelo mundo das drogas e do crime, que está chegando ao fim. Há seis meses ela conheceu a Fundação Resgate, no município do Conde, mudou sua forma de enxergar a vida e agora sonha com a carreira de engenheira civil. Renata é uma das mulheres atendidas pela instituição, ao longo de cinco anos.

Com estrutura considerara uma das mais modernas e confortáveis do país, a Missão Resgate, que fica no município do Conde, litoral Sul paraibano, deu mais um passo importante para o atendimento com excelência a mulheres com dependência química de álcool e drogas. No último fim de semana, durante o encerramento das atividades de 2017, a instituição lançou o programa de inclusão digital, que incluirá a implantação de um laboratório de TI, dentro da unidade, onde serão ministrados cursos profissionalizantes básicos e avançados, para as mulheres acolhidas.

Criada há cinco anos, a Missão Resgate é fruto da iniciativa do casal missionário Jorge e Walquíria Uchoa, com apoio da Igreja Batista Evangélica de Intermares (IBEI). Com uma área construída de 2,5 mil metros quadrados e projetada para ser um ambiente de restauração, a clínica dispõe de apartamentos climatizados, dois auditórios, cozinha industrial, refeitório, piscina, área verde, consultórios de enfermagem e psicologia. O local tem ainda uma ala onde funcionam as oficinas, entre elas um ateliê de corte e costura, outro de pintura, escola de música, além do bloco administrativo. Uma estrutura que já chamou atenção de representantes do Governo Federal, o que garantiu uma importante ajuda, através da Secretaria Nacional Antidrogas (Snead), que custeia parte dos tratamentos oferecidos na instituição.

Do público total atendido pela Missão Resgate, durante os cinco anos de funcionamento, algumas mulheres tiveram recaídas e abandonaram o tratamento antes mesmo que houvesse qualquer tipo de resultado. Mas, de acordo com a direção, das acolhidas que completam o ciclo de 9 meses (tempo mínimo necessário), o índice de recaídas é da ordem de 1%.

Depois do convênio com a Senad, a instituição foi contemplada com uma emenda parlamentar, proposta pelo senador José Maranhão, para a compra dos computadores e outros equipamentos que são usados no laboratório de TI. “Foi uma conquista importante, que só conseguimos porque temos um departamento financeiro muito bem estruturado, todas as contas absolutamente em dia, inclusive na parte fiscal, além dos resultados que temos conseguido no atendimento às acolhidas”, disse Jorge Uchoa.

O senador José Maranhão visitou a Missão Resgate, no dia do encerramento e falou sobre a propositura. “Esse trabalho tem vários diferenciais. Um deles é que primeiro começou a trabalhar e a mostrar resultados, de forma independente, mostrando que o projeto tem um enorme potencial. Somente agora estão buscando o dinheiro público. Portanto é um recursos que temos certeza de estar muito bem empregado e que vai se reverter em benefício para a sociedade”, disse.

Atuação

▶ Mais de 500 mulheres foram atendidas pela instituição, em cinco anos de atuação. Somente este ano foram 150 acolhimentos. Atualmente, a casa abriga 20 internas, com tratamento não medicamentoso.

Uma história de crime e superação

A Missão Resgate acolhe pessoas como Renata que, aos 11 anos conheceu as drogas e, aos 15, coleciona histórias como duas moradias com traficantes, em bocas de fumo de favelas, testemunha de decapitação de duas jovens, três assassinatos cometidos, já em 2017, a mando de um traficante, para cobrar dívidas e muita violência com a família.

Renata conheceu a instituição através de um casal que a visitou no leito do hospital psiquiátrico Juliano Moreira, para onde foi levada após uma crise de agressividade, que vitimou até os policiais que tentaram detê-la. Em seis meses de acolhimento, já não passa mais as noites em claro, ouvido barulho dos tiros e revivendo os assassinatos que cometeu, retomou o controle da vida e faz projetos para concluir os estudos e se formar em Engenharia Civil.

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