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João Trindade: O aposto, esse desconhecido

O aposto, esse desconhecido…

A maioria dos professores de português apenas “vomita” regras, sem dizer para que servem os termos da oração e, sobretudo, a utilização deles, na prática.

O resultado disso é que, graças a esse ensino canhestro, simplório, ultrapassado e criminoso, as pessoas além de não dominarem a língua alimentam um ódio pelo idioma pátrio.

Aliás, alguém já disse, certa vez:

“O brasileiro é o único povo que odeia a própria língua.”

Tomemos como exemplo o aposto. 

Ensina-se, desde a Escola Fundamental que é “um termo que serve para explicar o anterior e “vem sempre entre vírgulas”.

Nada mais mentiroso e enganoso (desculpem a rima; foi inevitável).

Ora, entende-se até que no ensino fundamental, quando o aluno ainda não tem a capacidade de alcançar todas as características e tipos de aposto, procure-se simplificar as coisas. Mas por que não dizer, mesmo nas séries fundamentais, que o aposto tem como função básica, mas não única, explicar o termo anterior e deixar claro que nas séries do ensino médio ele completará o estudo? E por que a afirmação mentirosa de que ele “vem sempre entre vírgula”? Ao final do texto, mostraremos que tal afirmação não é verdadeira e por quê. 

Mas o pior é que no ensino médio, grande parte dos professores continua limitando-se a dizer que o aposto “serve para explicar o termo anterior” e o mais criminoso é repetir a balela: “vem sempre entre vírgulas”. Além do erro e do crime, não se diz para que serve o aposto, na prática; as funções dele no período composto como oração, o que faz com que as pessoas jamais aprendam a usar corretamente as vírgulas, seja na presença do termo no período simples, seja no composto, como oração. Quando se fala das orações subordinadas adjetivas, simplesmente se diz que elas são restritivas e explicativas, sem mostrar a importância fundamental delas, que é o fato de as segundas fazerem as funções do aposto e virem quase sempre (eu não disse sempre!) entre vírgulas e as primeiras, não; sendo que estas não admitem o isolamento por vírgula.

O que é, então, aposto e quais os tipos?

APOSTO

É o termo que se liga ao substantivo para explicar (aposto explicativo), comparar (aposto comparativo), enumerar (aposto enumerativo), resumir (aposto resumidor) ou especificar (aposto especificativo).

Tipos:

  1. a) Explicativo (explica o termo anterior): O Flamengo, clube carioca, é o mais querido do Brasil.
  2. b) Comparativo (estabelece uma comparação entre dois elementos): As estrelas, grandes olhos curiosos, espreitavam nosso amor.
  3. c) Enumerativo (enumera elementos): Foi à livraria e comprou vários objetos: borracha, lápis, caderno e caneta.
  4. d) Resumidor (resume o termo anterior): Dinheiro, carros, mulheres, nada o agradava.
  5. e) Especificativo (especifica um gênero, em relação a uma espécie): A Cidade (gênero) de João Pessoa (espécie) é hospitaleira.

Outro exemplo: Meu primo Luís chega, hoje, a João Pessoa.

Há, ainda, o aposto de oração.

Pode o aposto explicativo referir-se a uma oração toda, precisando-lhe o sentido:

Todos ouviam silenciosos a apresentação, sinal evidente de interesse.

NEM TODO APOSTO VEM ENTRE VÍRGULAS

Não é todo aposto que vem entre vírgulas; há até um que não admite vírgula: o aposto especificativo. E o enumerativo vem após dois pontos.

Boa semana para todos.

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