A maior parte dos brasileiros conhece o poker como um entretenimento. Ele costuma ser jogado em roda de amigos e a verdade é que bem poucos apostam em uma carreira como jogador se considerarmos outros esportes como o futebol, por exemplo. Afinal, para investir numa carreira são necessárias algumas habilidades e muita paciência para esperar os resultados chegarem.
Mas de uns tempos para cá, vários jogadores têm visto no poker um nicho esportivo bastante atraente por várias razões: ter destaque e a oportunidade de disputar torneios em todo o mundo, conhecer personalidades de outros esportes e do entretenimento que disputam eventos e, principalmente construir um status de jogador internacional.
Com isso também surgem empresas estrangeiras que enxergam grande potencial nos atletas que podem conseguir patrocínios vantajosos para ambas as partes. Some-se a isso o fato de que, por si só, o Brasil é um dos países que mais acessam a internet, o que só faz aumentar o interesse em torneios online realizados nos quatro cantos do mundo.
Vários brasileiros já fazem parte da elite internacional como é o caso de Rafael Moraes, João Simão, André Akkari, Yuri Martins, Enio Bozzano, Josias Santos e Felipe Mojave. Falando em Mojave, o paulista vem movimentando sua carreira com várias disputas. Uma de suas últimas conquistas aconteceu este ano, quando ele faturou em um torneio US$ 212.334.
Mas o status de vencedor não veio antes de muitas dificuldades para se consolidar na carreira. Ele foi um desses garotos que começam a jogar de forma recreativa com seus amigos. E que, com o tempo teve interesse em se dedicar mais ao esporte e à sua modalidade favorita: o Texas Hold’em. Em uma entrevista, ele chegou a dizer que nunca para de estudar e que está constantemente se dedicando outros tipos como o H.O.R.S.E. (que une várias modalidades do poker).
Do Nordeste surgem vários nomes, e um deles é Flávio Reis. Em 2009, Reis abandonou o curso de Educação Física e resolveu estudar todas as modalidades e regras do poker. Dois anos depois, o paraibano ganhou o Campeonato Brasileiro de Poker e R$ 200 mil na disputa.
Atualmente, ele figura entre os destaques nacionais, colecionando títulos tanto nos feltros online quanto nos torneios ao vivo. Com isso, acumulou cerca de US$ 3,6 milhões em premiações.
Reis também participa de eventos “perto de casa”. Antes da pandemia, ele chegou a participar do Nordeste Poker Séries e gostou muito do que viu. Na ocasião comentou o quanto ficou impressionado com a organização do torneio e afirmou o quanto esse tipo de evento é importante para os jogadores que estão começando.
Outro nordestino que também vem crescendo é Pablo Brito. Nascido em Ibirataia (BA), Brito tem tudo para se tornar um grande nome internacional se contarmos com sua evolução nos últimos anos. Afinal, esse baiano foi o primeiro brasileiro a vencer um Main Event no circuito MILLIONS, conquistando com isso US$ 1 milhão em 2020.
São números valiosos quando lembramos que essa foi a segunda maior premiação de um brasileiro até o momento. Pouco tempo depois, Brito já estava em outra competição e faturou outro torneio, aumentando sua carteira em €462.100.
Assim como outros jogadores, Pablo mantém uma rotina de estudo e foca em cada jogada, estudando o micro do jogo e os mínimos detalhes: “Nos meus estudos, tento destrinchar ranges e penso muito nos porquês de cada coisa”, revelou em uma entrevista. Ele está no caminho certo: atualmente ele acumula mais de US$ 5 milhões em premiações, um valor considerável em qualquer esporte. Outro nordestino que vem ganhando seu próprio espaço é Ivan Limeira. Este ano, o cearense disputou um torneio que acabou lhe rendendo US$ 31.700 dólares. Para isto, ele precisou superar mais de 1.495 adversários.
Com suas recentes vitórias, Limeira já é um nome conhecido em eventos online e está entre os 50 melhores no ranking brasileiro. Além disso, é o principal nome do Ceará, o que o torna um exemplo para outros conterrâneos.
Temos também que lembrar de outros nordestinos que estão ganhando espaço nos feltros como o baiano Leonardo Mattos (considerado um competidor de alto nível), o alagoano Henrique Lessa (outro destaque no ranking brasileiro de poker) e Jessé Fonseca (que promete ser um grande nome brasileiro nos próximos anos).
Com isso, podemos perceber que há uma tendência de crescimento de torneios e mais jogadores nos próximos anos, o que deve elevar ainda mais o nível de competitividade. Vale destacar que a criação de torneios brasileiros e o incentivo de marcas internacionais que investem no esporte aumentam as premiações e interesse na participação dos eventos.
Com isso, jogadores brasileiros e sul-americanos estão tendo a oportunidade de disputar prêmios que muitas vezes chegam a ser milionários. E, apesar de todos os outros benefícios já citados, esse continua sendo o grande atrativo do esporte.