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Animais nas ruas não podem ser recolhidos

Cachorros que foram abandonados por ex-donos, que já nasceram nas ruas ou são alimentados pela vizinhança, dormem nas calçadas

João Pessoa tem uma população estimada de 80 mil cachorros e 20 mil gatos, conforme levantamento da Gerência de Vigilância Ambiental e Zoonoses da Capital. Apesar desses dados, não há uma quantidade específica de bichos que vivem soltos nas ruas, causando dor para algumas pessoas e transtornos para outras. Esse problema existe em vários pontos da cidade, como na rua Caetano de Figueiredo, por exemplo, no bairro Cristo Redentor. Veja abaixo o que fazer para adotar, lidar com a situação e evitar atritos com a vizinhança.

Cachorros que foram abandonados por ex-donos, que já nasceram nas ruas ou são alimentados pela vizinhança, dormem nas calçadas, sob sol e chuva, são os ‘guardas’ da rua, mas não podem ser recolhidos, a não ser por interessados em criá-los. A Gerência de Vigilância Ambiental e Zoonoses da Capital disse que só pode intervir na situação dos animais quando eles estão doentes.

O médico veterinário e chefe do setor de Controle Animal, Marcelino Freitas Xavier, disse ao Portal Correio que a Gerência deve cumprir a Lei 9605/98 que trata dos crimes ambientais e da proteção aos animais e não permite a intervenção do órgão nessas situações. “Não podemos utilizar carrocinha e recolhê-los. Os animais só são levados para a Zoonoses quando estão com doenças incuráveis, transmissíveis e em situação grave. Fora isso, eles ficam onde estão”, afirmou.

Ele disse ainda que a Gerência pode ser acionada para acompanhar a situação desses animais soltos nas ruas, como para fazer exames, coletas de sangue e vacinações. Porém, estando saudáveis, permanecem soltos.

A dona de casa Maria do Livramento, de 52 anos, disse que alimenta os cachorros soltos na rua porque se sentimentaliza com a situação deles. “Fico triste em vê-los assim, largados. Eu dou comida, mas não posso criá-los porque já tenho um cachorro em casa. Se eu levar outro, eles podem se estranhar e até se matar, como quase aconteceu quando tentei”, explicou.

Já a dona de casa Judidth Sousa, de 68 anos, falou que tem duas cadelas e não tira cachorros da rua pelo mesmo pensamento da vizinha Maria. “Eles se estranham; é difícil juntar animais que não foram criados juntos desde pequenos. Além disso, já tenho duas, não há mais espaço na minha casa”, afirmou.

O médico veterinário Marcelino Freitas falou que os animais que não crescem juntos se estranham naturalmente e não recomenda que eles sejam levados para casa sem que o interessado em criá-los passe antes por um procedimento específico, necessário para quem deseja adotar.

Adoção

Quem pensava que adotar animais é um procedimento fácil e pode ser feito por qualquer pessoa, se enganou. A Gerência de Vigilância Ambiental de Zoonoses tem promovido exposições de animais para adoção e explica como funciona o processo, que não pode ocorrer de forma aleatória.

Em uma exposição, por exemplo, o interessado passa pela Equipe de Posse e Responsáveis, onde é feita a entrevista que coleta informações sobre as condições psicológicas e de moradia dessas pessoas. Ter muitos bichos não ajuda e, segundo o doutor Marcelino, é necessário ter mais de 18 anos. Muitas pessoas acabam chateadas porque voltam para casa sem um bichinho.

“Já mudamos esse conceito de ‘feira de animais’ porque a palavra ‘feira’ remete a compra, venda e troca. Animais não são objetos nem produtos para serem comercializados. Usamos o termo ‘exposição’ que é mais apropriado e reunimos pessoas que têm interesse de adotá-los, mas sob orientação. Ter um animal é saber que será preciso cuidar, alimentar, dar banho, vacinar, dar espaço e conforto para que ele viva com segurança”, destacou.

Marcelino Freitas falou ainda que duas exposições de animais já foram feitas só em setembro na Capital. Segundo ele, a próxima está marcada para ocorrer no dia 23 de setembro, no bairro dos Funcionários 1, na Zona Sul.

Além das exposições, ele disse que a Gerência de Vigilância Ambiental e Zoonoses tem ainda um canal via internet que possibilita o intercâmbio e a comunicação entre os interessados em doar ou adotar animais, sem que eles fiquem largados nas ruas.

Por meio do endereço eletrônico [email protected], as pessoas podem enviar fotos dos animais, outras formas de contato e o interesse em adotar o doar os bichos. De acordo com o doutor Marcelino, a Gerência tem parceria com cerca de dez instituições, entre ONGs e associações protetoras de animais, e mantém comunicação com pelo menos 60 pessoas para adiantar as adoções.

Quem não gosta de bichos também tem opções

Se há pessoas apaixonadas por animais e que os tratam como humanos, há também quem não gosta e se incomoda com latidos, sujeira e aglomeração deles pelas ruas.

Para essas situações, o doutor Marcelino recomenda que haja um diálogo entre os vizinhos, para que eles entrem em acordo sobre o que fazer com os bichos soltos na rua. De acordo com o especialista, cães e gatos sempre vão estar presentes nesses ambientes enquanto houver alguém prestando assistência a eles.

“Se tem bicho na rua, é porque tem alguém dando comida. Quem se incomoda com a situação deve conversar com os vizinhos que alimentam esses animais para que sejam tomadas medidas, como encaminhá-los para a adoção, por exemplo, da forma como já foi orientado. Caso a situação seja difícil ou se transforme numa confusão, a Polícia Ambiental pode ser acionada”, finalizou.

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