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JP não tem turismo LGBT e deixa de integrar giro de R$ 350 bilhões do segmento

Conhecido por suas belas paisagens naturais, o Nordeste do Brasil também tem opções de entretenimento e diversão para atrair o turista gay. Entretanto, João Pessoa anda na contramão dessa realidade e pouco tem feito para atrair o mercado que está em expansão e movimenta cerca de R$ 12 bilhões por ano em turismo e viagens no Brasil. No Nordeste, as capitais mais procuradas são Recife (PE), Salvador (BA), Maceió (AL) e Fortaleza (CE).

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Para entender o que estava deixando a capital paraibana na lista negativa do ‘Turismo LGBT’ (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transgêneros), o Portal Correio conversou com o empresário Rodrigo Cabral, proprietário do Empório Café, espaço que recebe semanalmente um grande público LGBT. Ele citou duas situações: conservadorismos e leis.

Conservadorismos em pleno século 21? Sim! Para Cabral, ter visão de mercado, instinto empreendedor e saber trabalhar com todos os públicos são requisitos básicos para investir em qualquer negócio, mas, segundo ele, em alguns empresários e comerciantes da Paraíba ainda prevalece a cultura do machismo e o conservadorismo.

“Alguns empresários ainda são muito conservadores e temem represália. O conservadorismo ainda é muito latente aqui em João Pessoa e, inclusive, até no público gay. Preocupa porque ainda é muito forte”, lamentou o empresário.

Outro ponto apontado por Cabral para o afastamento do turismo são as leis. “Faltam locais destinados a eventos em João Pessoa. A gente não tem espaço apropriado voltado para o barulho. Vivemos em zonas mistas, onde casas se misturam com comércios. Agregado a isso, são as inúmeras leis que impedem que aumentemos o volume do som. Todos esses fatores impedem a realização de grandes eventos LGBT”, pontuou.

A falta de um roteiro variado de estabelecimentos gay-friendly e eventos onde a inclusão é prioridade, muitos homossexuais têm migrado para outras capitais do Nordeste a exemplo de Recife (PE) e Natal (RN). Na Capital, os ambientes tidos como ‘boates gays’ são Donana Pub e G&S Pub Bar. O supervisor de uma loja de telefonia, que é gay e preferiu não se identificar, classificou João Pessoa como ‘saturada’.

“João Pessoa é maravilhosa, mas está saturada. Não oferece boas festas para o público gay, não tem bons locais para se divertir e falta um bom atendimento nos locais. As pessoas têm que acostumar e tratar todos iguais, independentemente da sexualidade. Por isso, que sempre que tenho uma folga viajo com amigos para Natal, Recife e Fortaleza, onde a gente encontra locais bacanas e uma lista de eventos ao público”, falou o supervisor.

A indústria do turismo LGBT, inclui atualmente agências de viagens, viagens de cruzeiro, hotéis, centros de SPA, clubes noturnos e uma diversidade de campanhas publicitárias dirigidas e este tipo de público específico. É um mercado que está em expansão, se aproveitando do poder de compra do LGBT brasileiro que é estimado em cerca de R$ 350 bilhões. Quem diz é a Associação brasileira de Turismo para gays, lésbicas e simpatizantes (Abrat).

Além de possuir um público relativamente numeroso, o público LGBT geralmente não possui filhos, o que acarreta em despesas menores e mais renda disponível. Um levantamento da Abrat constatou que 39% dos homossexuais pertencem às classes A e B e têm renda média mensal entre R$ 1.200,00 e R$ 3.247,00. Ainda segundo a associação, 48% possuem ensino superior completo, gastam 30% a mais em bens de consumo do que os heterossexuais, gastam 28% a mais em cultura e 88% dos homossexuais leem jornais.

A gestão do governador Ricardo Coutinho tem investido em políticas públicas dos LGBTs, como uso do nome social nas escolas, mas não há um incentivo direto no turismo. A presidente da Empresa Paraibana de Turismo (PBTur), Ruth Avelino, disse que o órgão trabalha na divulgação e marketing do turismo paraibano.

“A gente tem divulgado o turismo de João Pessoa e locais para o público LGTB. Inclusive, há uma pousada na Costa do Conde exclusivamente para o seguimento. Nesse contexto, a gente tem orientado os bares, restaurantes e hotéis a importância do tratamento igualitário e sem homofobia”, falou Ruth Avelino.

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