Um ex-policial de Kentucky, nos Estados Unidos, foi condenado na sexta-feira (1º) por uso de força excessiva contra Breonna Taylor, mulher negra cuja morte durante uma operação antidrogas em 2020 desencadeou uma onda de protestos por justiça racial.
Brett Hankison foi o primeiro condenado entre os envolvidos na operação na cidade de Louisville e pode ser condenado a prisão perpétua.
Um júri de 12 membros, composto por seis homens e seis mulheres, considerou que ele violou os direitos de Breonna, após deliberação que durou ao menos 20 horas ao longo de três dias, segundo a emissora ABC News. Horas antes da condenação, ele foi absolvido da acusação de violar os direitos dos vizinhos da vítima.
Em 13 de março de 2020, três policiais de Louisville invadiram a casa de Breonna Taylor, 26, no meio da noite, como parte de uma investigação de tráfico de drogas contra um ex-namorado dela.
Seu então companheiro, Kenneth Walker, que não era o alvo da operação, teria pensando que os agentes eram ladrões e atirou com uma arma que possuía legalmente, ferindo um dos policiais. A polícia respondeu com mais disparos, e Breonna foi atingida por cerca de 20 tiros.
Hankison, 48, argumentou durante o julgamento que estava agindo para proteger seus colegas. Ele atirou dez vezes contra a janela de Breonna e não atingiu ninguém, mas os promotores disseram que ele agiu de forma imprudente ao atirar onde não podia ver o alvo.
Bernice King, filha de Martin Luther King Jr., chamou o veredicto de “um momento de responsabilização há muito esperado” em postagem nas redes sociais. “Embora não possa devolver Breonna à sua família, representa um passo crucial na busca por justiça e um lembrete de que ninguém deve estar acima da lei”, escreveu.
A morte de Breonna, uma paramédica, juntamente com outros casos de violência policial contra pessoas negras em 2020 –incluindo George Floyd em Minneapolis e Ahmaud Arbery na Geórgia– gerou indignação e protestos contra o racismo nos EUA e ao redor do mundo, sob o mote do movimento “Black Lives Matter” (vidas negras importam).
Dos três policiais que dispararam suas armas, apenas Hankison enfrentou acusações criminais. O procurador-geral de Kentucky, Daniel Cameron, não recomendou acusações para os demais, e o grande júri não os indiciou.