A taxa média de juros do rotativo do cartão de crédito subiu pelo quarto mês seguido e chegou a 450,5% ao ano em dezembro, o maior patamar desde maio de 2023. O indicador teve alta de 4,6 pontos percentuais em relação a novembro, quando a taxa era de 445,9% ao ano. A informação consta das Estatísticas Monetárias e de Crédito, divulgadas nesta segunda-feira (27) pelo Banco Central.
Na prática, isso significa que qualquer dívida no cartão de crédito feita há um ano cresce cinco vezes se o consumidor não pagar a fatura no dia do vencimento.
Por exemplo, o consumidor que devia R$ 800 em janeiro do ano passado precisa desembolsar um adicional de R$ 3.604 para quitar o saldo devedor com a instituição financeira após um ano, totalizando uma dívida de R$ 4.404.
Apesar da alta dos juros, em dezembro de 2023, o Conselho Monetário Nacional determinou um limite de 100% para as taxas de juros do rotativo após o Congresso Nacional aprovar uma lei com essa regra.
A decisão entrou em vigor no ano passado e vale para as dívidas contraídas a partir de janeiro. Sendo assim, com a nova norma, se a dívida for de R$ 200, por exemplo, o valor total, com a cobrança de juros e encargos, não poderá exceder R$ 400.
As taxas apresentadas pelo BC nesta segunda podem sugerir, portanto, que os bancos estejam descumprindo a lei, mas o que acontece é apenas um registro estatístico. Para chegar às taxas anuais, a autoridade monetária extrapola o juro cobrado ao mês pela instituição financeira para o ano.
Essa taxa, porém, nem sempre é efetivada porque, geralmente, são apenas por alguns dias ou semanas que o consumidor fica “pendurado” no cartão, que costuma ter as taxas mais elevadas.
O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, Fernando Rocha, explicou que a instituição não pretende descontinuar essa série histórica porque ela ainda serve como referência para mostrar a velocidade de aumento ou redução dos juros e também porque é um dos componentes para se chegar à taxa cobrada pelo sistema como um todo.
O cheque especial, segunda linha de crédito mais cara disponível no mercado, que está embutida na conta-corrente dos brasileiros, teve queda em dezembro. Os juros médios chegaram a 136% ao ano, 2,2 pontos percentuais a menos do que o registrado em novembro.
No cheque especial, uma dívida de R$ 800 mantida por um ano sem pagamento salta para R$ 1.888.
Para driblar os índices das modalidades com as maiores taxas de juros do mercado, os consumidores podem aderir ao empréstimo consignado, que oferece desconto direto na folha de pagamento. A taxa da linha de crédito subiu 0,4 ponto percentual em dezembro e figura em 23,9% ao ano, a maior desde janeiro de 2024, quando registrou 24,3%.
Dentro do consignado, as taxas variam entre os grupos de profissionais, com a menor delas cobrada aos beneficiários do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), 21,9% ao ano. Para os servidores públicos e trabalhadores do setor privado, as cobranças figuram em, respectivamente, 23,8% e 40,8% ao ano.