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Lojistas revelam más condições de trabalho no Lagoa Shopping

Os lojistas do Lagoa Shopping, em João Pessoa, lamentaram o fechamento do empreendimento e a forma como a comunicação disso foi feita. Segundo eles, o comunicado foi feito através de circular e não houve nenhuma reunião prévia para explicar a situação.

O documento, assinado pelo diretor executivo do shopping, Ricardo Paulo Oliveira Silva, afirma que fatores como falta de capital de giro e alta inadimplência dos lojistas, que chegava a 70%, fizeram com que o shopping contraísse diversas dívidas, fosse inscrito no Serasa e não cumprisse cláusulas contratuais de aluguel, motivo pelo qual o proprietário pediu a desapropriação do imóvel.

Redução no número de lojas

De acordo com o empresário Danilo Pereira, proprietário da loja Corralinda, quando foi inaugurado, em janeiro de 2017, o Lagoa Shopping contava com cerca de 80 lojas, sendo que hoje, apenas 30 a 35 delas estão funcionando. Ele contou que a decisão pegou de surpresa os lojistas restantes, que estavam contando com a elevação das vendas no período do natal.

Segundo ele, foi a má administração que levou o empreendimento a esta situação. Os lojistas contaram que problemas como ar-condicionado e escadas rolantes quebrados eram contantes no local. Além disso, a lojista Gilliane Monteiro, da Howlita Semijoias, contou que, desde o último sábado, os funcionários da limpeza desapareceram e os banheiros estão inutilizáveis. “É inumano. Nossos funcionários trabalham das 9h às 19h, com troca de turno, e essas pessoas não vão poder usar o banheiro? Como é que pode?”, desabafou.

Funcionários sumiram

Segundo Gilliane, outros funcionários como bombeiros e seguranças também desapareceram e os lojistas têm dificuldade até para ter acesso ao Lagoa Shopping. “Todo dia temos que esperar a boa vontade de alguém que venha abrir aqui, por isso tem dias que abre às 9h10, 9h15”, comentou. O horário de abertura do shopping deveria ser às 9h.

Os lojistas afirmam que a falta de manutenção e serviços básicos, assim como a falta de ações de marketing, que não estavam mais sendo realizadas, espantaram os clientes, mas ainda assim, o centro comercial garantia o sustento de muitas famílias.

Danilo Pereira afirmou que desde o início não houve transparência no relacionamento da administração com os lojistas, que não sabiam o que estava acontecendo. Os lojistas fizeram um contrato de 10 anos com a administração do shopping e, no entanto, não receberam nenhuma explicação de como será o procedimento para a quebra desse contrato agora. Eles não sabem se chegarão a receber alguma multa pela rescisão.

Lojas âncoras

Os lojistas também afirmam que as lojas âncora não irão fechar, apenas as lojas menores do interior do prédio, mas não sabem explicar o porquê. “São empresas grandes, devem ter advogado. A gente é pequeno, deve ser isso que eles pensam”, opinou a lojista Izabella Almeida, da Bella Plus Size.

“Muitos aqui são empreendedores pequenos, iniciantes, começando o primeiro negócio. Eles se aproveitaram da nossa ingenuidade para agir sem transparência”, disse Danilo Pereira, acrescentando que todos pagaram luvas em valores muito altos e que a própria taxa de condomínio estava acima do praticado no mercado. Ele afirmou que alguns lojistas estão entrando com ações na justiça, mas pela situação inesperada, muitos ainda não sabem como agir.

Duas administrações

Em setembro de 2017, apenas nove meses após a inauguração do shopping, a administração, até então gerida pelo empresário Ricardo Paulo, se viu com problemas financeiros e resolveu entregar a gestão do empreendimento à Mart Shopping Consultoria Estratégia e Comunicação LTDA, empresa sediada em Pernambuco com experiência na gestão de shoppings.

Após 13 meses dessa nova gestão, os problemas do shopping não foram solucionados, o empresário Ricardo Paulo retomou a administração e, alguns dias depois enviou a circular que anuncia o fechamento do estabelecimento.

Resposta

A reportagem tentou contato com o empresário Ricardo Paulo, mas até o fechamento desta matéria, nenhum dos telefonemas foi atendido.

*Bárbara Wanderley, do Jornal CORREIO

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