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Maioria dos agressores de idosos convive com a vítima; número de denúncias aumentou 53%

Hoje é celebrado o Dia Mundial de Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa

Abandono e negligência, violência física e psicológica, abuso financeiro, violência patrimonial, sexual e discriminação etária contra os idosos são alguns dos pontos que o Dia Mundial de Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa, comemorado anualmente em 15 de junho, chama a atenção da população. No Brasil, a população idosa, que inclui aqueles que têm 60 anos ou mais, soma 37,7 milhões de pessoas, segundo dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) divulgados em 2021. Desses, 75% dos idosos para a renda em suas casas e 18,5% ainda realizam algum tipo de atividade remunerada.

A violência contra eles também revela dados alarmantes. De 2019 para 2020, segundo levantamento do Disque 100, o número de chamadas para reportar algum tipo de violência contra o idoso aumentou 53%. Somente em 2021, houve 80 mil denúncias de violações de direitos desse público. A maioria delas ocorre dentro da própria casa da vítima (55,17%) tendo os filhos como agressores (51%).

Diante dos altos índices de violência contra os idosos, a conscientização e o acolhimento fazem-se necessários durante todo o ano, como alerta a doutora em saúde pública, especialista em gerontologia pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), enfermeira e professora universitária Adriana Freitas: “É preciso não falar da importância de combater a violência contra o idoso apenas no dia dedicado a esta causa, mas tratar diariamente. O idoso deve ser observado pela sociedade de forma contínua, não só em campanhas. A ciência tem contribuído também trazendo informação para a população”, enfatiza.

Depois de 27 anos pesquisando sobre o envelhecimento, Adriana sentiu a necessidade de trazer esse tema para mais perto da população. Hoje, além de atuar nas áreas de ensino, pesquisa e extensão, estende o olhar sobre o envelhecimento humano para a literatura, movida pelo desejo de tornar o conhecimento acadêmico mais acessível em outras linguagens. Na prateleira das obras já lançadas estão Crônicas no Asilo (2016, Editora Albatroz), A menina que queria ser… (2018, Editora Albatroz), As velhices de Berenice (2019, Editora Perfil Editorial) e Sem Retoque (2021, Editora InVerso). “Eu fui para a literatura porque é um gás de imaginação, de produção, de reflexão, e decidi entrar para a literatura, principalmente infantil, para que a gente possa, junto às crianças, desmistificar o que elas veem e compreendem sobre o envelhecer”, esclarece, lembrando que seus livros que podem e devem ser lidos por pessoas de todas as idades.

Áurea Recanto da 3ª idade

A convivência com idosos na família que necessitaram de cuidados de uma casa de longa permanência despertou na enfermeira Eunice Souza, 48 anos, a vontade de também abrir uma casa para acolher pessoas da melhor idade. Por isso, buscou se especializar em gerontologia, cuidados paliativos, emergência e UTI, além de estimulação de cognição.

Sua missão é zelar por outras vidas. Tudo começou com um pedido da sua mãe, Áurea, já falecida, que a aconselhou a abrir uma instituição para cuidar das pessoas idosas. A mãe de Eunice era costureira e, quando podia, dava assistência a uma casa de repouso juntamente com outra filha também enfermeira. Áurea não chegou a ver Eunice dando início ao recanto da terceira idade, mas batizou o espaço com seu nome como uma homenagem.

Em casa, Eunice teve o maior exemplo de amor e cuidado diários. Sua tia, viúva e sem filhos, necessitou de atenção especial no fim da vida. O marido dessa tia teve Alzheimer, também necessitando de cuidados.

Atualmente, a Áurea Recanto da 3ª idade acolhe 18 idosos que recebem cuidados de uma equipe multidisciplinar, composta por profissionais capacitados em enfermagem, nutrição, fisioterapia e técnico em enfermagem. “Pra mim é muito gratificante realizar esse trabalho porque entendo que o processo de envelhecimento é para todos e não deve ser tratado como doença. Hoje tenho a satisfação de atuar na minha profissão realizando o sonho dessa casa que foi um projeto idealizado, inicialmente, pela minha mãe”, conta a enfermeira com sentimento de gratidão.

Profissões para quem deseja cuidar de idosos

A gerontologia é uma das profissões mais conhecidas relacionadas aos cuidados com a população idosa. No entanto, a enfermagem, psicologia, terapia ocupacional, nutrição e fisioterapia também agregam atenção à saúde das pessoas com 60 anos ou mais. Veja, a seguir, como cada uma dessas áreas contribui para o envelhecimento saudável.

Enfermagem: essa profissão é uma das mais procuradas da área da saúde, pelos estudantes quando pensam em ingressar na faculdade. No contexto de atenção ao idoso, a enfermagem é fundamental para garantir reabilitação e cuidados continuados. O enfermeiro pode prestar atendimento em hospitais, clínicas ou de forma domiciliar.

Fisioterapia: o fisioterapeuta que atua com foco na população idosa busca ajudar na melhoria da qualidade de vida prevenindo e tratando lesões do corpo.

Gerontologia: o profissional especializado nessa área estuda os processos de envelhecimento do corpo humano e os seus impactos para a saúde e vida social do paciente idoso.

Psicologia: lidar com a velhice pode ser complicado para algumas pessoas, já que o avançar da idade ocasiona diversas transformações que podem trazer problemas para a saúde mental dos pacientes. Nesse contexto, os psicólogos dão suporte garantindo o bem-estar psicológico dos idosos.

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