Sempre que a Lava Jato conclui uma operação, achamos que finalmente esgotou o estoque de façanhas possíveis de nossos políticos. Infelizmente, as surpresas continuam. Quatro policiais legislativos do Senado foram presos e acusados de prestarem serviços de contrainteligência para senadores investigados pela Lava Jato.
A Polícia Federal anunciou ter provas de que o grupo, liderado pelo diretor da Polícia do Senado, tinha a finalidade de “criar embaraços às ações investigativas” contra senadores, “utilizando-se de equipamentos de inteligência”, adquiridos pela Casa Legislativa quando a Lava Jato começou a prender os grandes empreiteiros, em 2015.
Por enquanto, sabe-se que foram “protegidos” de escutas instaladas com autorização judicial os senadores Gleisi Hoffmann (PT-PR) – que admitiu ter solicitado o serviço por ofício quando o marido, Paulo Bernardo, foi preso – Edison Lobão (PMDB-MA), Fernando Collor de Mello (PTC-AL) e até o ex-senador José Sarney (PMDB-AP), que negou qualquer solicitação, já que não tem mais mandato.
A ação da Polícia do Senado foi defendida pelo presidente Renan Calheiros, que divulgou nota explicando que atuam dentro da lei, que foram dectar apenas “grampos ilegais” e até criticou a operação que apreendeu os equipamentos, repetindo o refrão da necessidade de cada poder respeitar os limites do outro.
Na verdade, Renan antecipou-se a uma consequência inevitável dessa operação da PF: o debate sobre obstrução da Justiça, o que levou o ex-senador Delcídio do Amaral para a prisão e que afastou o então poderoso Eduardo Cunha da presidência da Câmara e do exercício do mandato, e na sequência, perda do mandato e finalmente à prisão.
Foram criadas as condições para Renan Calheiros virar a bola da vez? Por enquanto, sabe-se que o PMDB está sob os holofotes. O ex-deputado Eduardo Cunha já avisou que vai falar, e ele nunca escondeu que tem o que dizer sobre o aliado. A delação de Felipe Parente complica demais o senador.São aguardadas ainda as da Odebrecht – são os donos e mais de 60 executivos – cujas listas comprometeriam vários partidos, mas especialmente a cúpula do PMDB.
Ainda tem mais do impensável a ser revelado.
TORPEDO
“Muitas vezes o cidadão fica impossibilitado de denunciar por não saber a quem recorrer com segurança. Com esta lei ficará assegurado um mecanismo ágil para o recebimento das informações e com a garantia do sigilo absoluto do denunciante.”, Do deputado Jutay Meneses (PRB), autor do projeto de Lei que cria o serviço Disque Denúncia de Corrupção Governamental, na Paraíba.
Tolerância zero
Estar na vitrine do poder, seja como mandatário do povo ou gestor, significa aceitar que a cada dia o nível de tolerância da sociedade para erros está próximo de zero. E quando há denúncia de violência, nem se fala.
Narrativas
Célio diz que padece de “escancarada exploração política”. Ela se declara vítima de ciúmes. A menor, ao apresentar sua história no Correio Debate, situou vídeos e áudios que estão em redes sociais, e confirmou agressões.
Queda
O secretário Executivo da Comunicação, Célio Alves sentiu essa pressão e pediu exoneração do cargo ao ser acusado de agredir a namorada, uma menor de apenas 16 anos, caso que ganhou notoriedade nas redes sociais.
Transparência
A Comissão dos Direitos da Mulher da ALPB pediu apuração ao MP. A Secretaria da Mulher do Estado, também. E condenou de forma muito firme o que está registrado nos vídeos, invocando a Lei Maria da Penha.
ZIGUE-ZAGUE
Paraíba, Rio Grande do Norte e o Piauí já não podem solicitar aval da União para empréstimos. Pela avaliação da STN, caíram no rating que avalia risco de crédito.
A nota da Paraíba baixou de “B-“ para “C”, ou seja, sua capacidade de pagamento está comprometida. Antes, a expectativa era a de obter R$ 1,1 bilhão para obras.