Ressuscitei recentemente a ética de Os Três Mosqueteiros para fazer minha própria homenagem – publicada aqui mesmo, em agosto – a uma tríade que honra e orgulha o Brasil contemporâneo.
O ministro Joaquim Barbosa, o procurador-geral Rodrigo Janot e o juiz federal Sérgio Moro encarnam, neste instante de nossa história republicana, exemplos ilustrativos desse Brasil mais reto, mais sério e patriota que tantos queremos.
Infelizmente, na contramão de Athos, Porthos e Aramis está enfileirada uma legião disposta não a defender, mas sim pilhar o País.
E no afã de descarregar o repúdio contra essa gangue que assalta a nação, busquei o vernáculo para ilustrar com propriedade as suas (des)qualificações.
Aliás, confesso: tenho apego real e incondicional à língua portuguesa e aos dicionários – fontes constantes de consultas.
Uma companhia tão presente no meu dia a dia que vai comigo até para a cama – uma edição de Houaiss, por exemplo, está lá (entre um copo d’água e o abajur), repousando indefinidamente no meu criado mudo.
Quando resolvi escrever Os Três Mosqueteiros, mais uma vez recorri ao dicionário, que me apresentou um punhado de opções para justapor o melhor e o pior desse País.
Queria rechaçar os muito vivos, burlões, impostores, intrujões, trapaceiros que vivem a enganar a nação.
Em nenhum momento deste exercício de repúdio tive a intenção ou efetivamente dirigi meu ranço pátrio ao povo ou à cultura milenar cigana, que sobreviveu pujante a uma migração intercontinental – perpetuando seus valores e crenças.
E por que o faria?
Definitivamente, eles não estão em qualquer elo da cadeia que forma o DNA da corrupção brasileira.
Nossos Gersons e suas leis nada republicanas têm inspirações muito singulares.
Mas nenhuma delas veio da parte desse povo, que honra seus valores e histórias.
E que, há milênios, tanto se empenha em passar – de geração em geração – seus fundamentos e essências enquanto nação (ainda que nômade).
É preciso, de fato, ter muita força de propósitos e firmeza de valores para resistir às provações enfrentadas pelo povo cigano.
Eles resistem. E permanecem unidos, mesmo separados geograficamente, mantendo viva a identidade, as tradições e o orgulho da nação cigana.
Sobreviver, permanecer é a recompensa desse povo.
A história lhes faz justiça.
E, um dia, nosso vernáculo também o fará.