Moeda: Clima: Marés:
Início Entretenimento

Morre o artista plástico paraibano Antônio Dias

O mundo das artes chora a perda do artista plástico paraibano, Antonio Dias, que morreu na tarde desta quarta-feira (1º), na cidade do Rio de Janeiro. Aos 74 anos, Antonio Manuel Lima Dias lutava contra o câncer, mas foi vencido pela doença. Nascido em 1944, na cidade de Campina Grande, Dias se mudou para o Rio aos 14 anos de idade e morou até os últimos dias na praia de Copacabana, Zona Sul da cidade.

O artista herdou dos avós as técnicas do desenho e em 1965 foi para a Europa, onde estudou técnicas de pintura, graças a uma bolsa de estudos que ganhou na Bienal de Paris. No final da década de 50, Dias trabalhou no Rio de Janeiro como desenhista de arquitetura e com desenho gráfico. Também foi aluno da Escola Nacional de Belas Artes. No currículo de formação, o paraibano tinha passagens por importantes escolas de Paris, Milão, Nova York, Índia e Nepal.

Em 1992, Dias se tornou professor da Sommerakademie für bildende Kunst, em Salzburgo, na Áustria e, no ano seguinte, passou a lecionar na Staatliche Akademie der bildenden Künste, em Karlsruhe, Alemanha.

Amigo de Antônio Dias, desde os anos 70, quando foi morar em Milão, o crítico de arte Paulo Sérgio de Castro Pinto Duarte testemunhou a trajetória do artista paraibano. “Foi por causa dele que me tornei crítico de arte. Nos tornamos amigos em Milão e conversávamos muito na casa dele, sobre as obras dele e certo dia ele sugeriu que eu escrevesse sobre o que falávamos. O primeiro artigo meu sobre a obra de Dias foi publicado na Art Press, nº 6, que ainda hoje é uma das revistas mais importantes do mundo. Foram inúmeros artigos. A última publicação foi um livro, que escrevi em parceria com Achille Bonito Oliva, sobre a obra de Dias”, disse.

Segundo Paulo, Antônio Dias era o grande nome da pintura contemporânea, não só no Brasil. “Ele fez muitas obras como filmes, super 8, instalações, mas a coluna dorsal de sua carreira era a pintura. Suas obras hoje têm um alto valor financeiro, para os parâmetros brasileiros”, acrescentou.

A doença

Amigo próximo, Paulo Sérgio acompanhou a luta de Antônio Dias contra o câncer. “Ele teve um câncer anterior, muitos anos atrás, do qual ficou curado. No ano passado, apareceu um tumor no cérebro. Em Julho de 2017 fui até Milão, porque ele me mandara um recado que queria falar comigo antes de passar pela cirurgia. Fez a retirada do tumor, mas era muito grande e deixou muitas sequelas. De lá pra cá foram meses de muito sofrimento. Lembro da nossa última conversa, cerca de três semanas atrás, que ele adormecia enquanto falava”, lembrou.

Orgulho de ser paraibano

No testemunho do amigo Paulo Sérgio, a lembrança de que Antônio Dias sempre falava do orgulho que tinha de ser paraibano. “O sofrimento dele acabou e ficou sua obra magnífica, que deve ser motivo de orgulho para todos os paraibanos. Dias sempre falava de suas origens e o povo paraibano deve estar engrandecido em sua obra”, concluiu.

*Por Ainoã Geminiano, do Jornal Correio da Paraíba.

publicidade
© Copyright 2024. Portal Correio. Todos os direitos reservados.