Vencedor de mais de 25 prêmios, ‘Suassuna – O Auto do Reino do Sol’ se apresenta no dia 17 de agosto no Teatro Pedra do Reino, em João Pessoa. O espetáculo é uma homenagem da cia. Barca dos Corações Partidos à Ariano Suassuna, que completaria 90 anos em 2017. O valor dos ingressos varia de R$ 20 a R$ 80.
A apresentação, segundo a organização, traz na essência uma série de características do homenageado. “Ariano Suassuna (1927- 2014) defendeu incansavelmente a brasilidade e a valorização da cultura nacional ao mesclar a arte popular e o universo erudito em todas as suas obras”, disse.
Idealizadora do tributo ao escritor paraibano, a produtora Andrea Alves, da Sarau Agência, lançou o desafio para a Cia. Barca dos Corações Partidos e convidou três conterrâneos de Ariano para criar algo inédito, inspirado em seu legado e desenvolvido em um processo coletivo. Desta forma, nasceu o musical, que chega a João Pessoa com canções de Chico César, Beto Lemos e Alfredo Del Penho, encenação de Luís Carlos Vasconcelos e texto de Bráulio Tavares.
Em 2007, a agência realizou uma programação para festejar os 80 anos de Ariano e, desde então, um vínculo foi criado entre o escritor e Andrea, responsável por todas as montagens da Barca dos Corações Partidos e por projetos que celebraram a arte brasileira nos últimos 25 anos. “Há algum tempo, Ariano me falou: ‘Não venha comemorar meus 85 anos, eu não vou morrer, quero que você festeje os meus 90!’”, contou.
A escolha de Ariano Suassuna foi também coerente com toda a trajetória da Barca dos
Corações Partidos, fiel defensora de um repertório nacional e de um teatro que privilegia o
intercâmbio de linguagens. Recentemente, o grupo arrebatou os principais prêmios da
temporada (Prêmio APTR de Melhor Espetáculo, Música e Produção; Prêmio Shell de Direção para Duda Maia; Prêmio Cesgranrio de Direção, Direção Musical e Espetáculo; Prêmio Botequim Cultural de Melhor Espetáculo Musical, Direção, Autor, Ator (coletivo de atores), Me) com ‘Auê’ (2016), espetáculo construído apenas com músicas originais dos membros do grupo, responsáveis por utilizar no palco elementos de teatro, música, dança e performance.
O grupo se formou no processo de ‘Gonzagão – A Lenda’ (2012), celebração de outro ícone
nordestino, Luiz Gonzaga, e logo em seguida reviveu um clássico de Chico Buarque (‘Ópera do Malandro’, 2014), ambos com direção de João Falcão. Chico César, Braulio Tavares e Luís Carlos Vasconcelos assistiram aos três trabalhos e aceitaram na mesma hora o convite para se unir nesta nova empreitada.
“Além de ser um espetáculo que homenageia os 90 anos de Ariano Suassuna, quero falar do meu fascínio com essa trupe. Sempre trabalho com meus atores, com o meu grupo. Sempre tive receio de pegar um trabalho de outra companhia, mas tudo se dissipou em nosso primeiro encontro. É fascinante observar todas as possibilidades que estes atores tem como músicos, cantores, atores e palhaços”, diz Luís Carlos, fundador do celebrado grupo Piollin e diretor de montagens emblemáticas, como ‘Vau da Sarapalha’, em repertório desde a estreia, em 1992.
O texto e as canções do musical foram produzidos ao longo do processo de ensaios, que
começou ainda no ano passado, quando o elenco fez uma série de oficinas circenses e também excursionou pelo Nordeste brasileiro no que foi chamado de Circuito Ariano Suassuna.
Guiados por Dantas Suassuna, filho de homenageado, a trupe esteve em Casa Forte (Recife), conheceu a famosa Pedra do Ingá e visitou a fazenda de Taperoá (Paraíba). Entre muitas palestras e oficinas, o grupo se preparou para o intenso processo criativo, em que se reuniram por oito horas diárias e apenas uma folga semanal nos últimos quatro meses.
Neste período, Braulio Tavares idealizou a história central da montagem, centrada em uma
trupe de circo-teatro e nos acontecimentos de uma noite de apresentação do grupo. O picadeiro de um circo é o cenário perfeito para aparecerem personagens de Ariano, como João Grilo e Chicó (‘O Auto da Compadecida’) e outros conhecidos tipos da Literatura Clássica, além de servir como pano de fundo para as histórias dos integrantes da companhia fictícia.
O projeto sempre quis falar de Ariano sem, no entanto, apresentar um espetáculo biográfico ou mesmo uma adaptação de suas obras. ‘Quando entrei na história, já estava decidido que não seria um espetáculo Armorial e que teríamos a liberdade de subverter, de trazer o Ariano de outras formas. A criação foi toda impregnada de Ariano, de seus personagens e de seu universo, relata Luís Carlos Vasconcelos, que trouxe toda a sua imensa bagagem como palhaço para o processo.
“É uma homenagem ao Ariano palhaço. O público é guiado por uma espécie de Palhaço Mestre de Cerimônias, como era habitual em seu teatro”, diz.
A parte musical seguiu pelo mesmo caminho. Os textos poéticos e as letras das músicas usam as formas tradicionais de poesia popular que foram cultivadas por Ariano, como a sextilha, a décima, o martelo e o galope. Chico César, Beto Lemos e Alfredo Del Penho, mostravam as melodias e algumas letras surgiam de improviso, outras cabiam exatamente em alguns trechos do texto.
A maioria das letras ficou a cargo de Bráulio Tavares, mas também tem canções de outros integrantes da companhia, como Adrén Alves e Renato Luciano. “Contaminação foi a palavra que define todo este projeto. As melodias foram contaminadas pelas letras e vice-versa. Criamos algo novo, mas totalmente contaminado por Ariano”, analisa Chico, a quem o escritor chegou a dedicar um livro de poesias.
• VENCEDOR DO PRÊMIO BIBI FERREIRA: MELHOR ATOR (Adrén Alves), Melhor Musical Brasileiro, Melhor ator Coadjuvante (Eduardo Rios) e Melhor Música Original (Chico César, Beto Lemos, Alfredo Del Penho, Adrén Alves, Renato Luciano e Braulio Tavares).
• VENCEDOR DO PRÊMIO APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte): Melhor Espetáculo.
• VENCEDOR DO PRÊMIO REVERÊNCIA DE TEATRO MUSICAL: Categoria Especial – Elenco da Cia. Barca dos Corações Partidos por ‘Suassuna – O Auto do Reino do Sol’ e ‘Auê’.
• VENCEDOR DO PRÊMIO CESGRANRIO nas categorias Melhor Espetáculo, Direção Musical
(Chico César, Beto Lemos e Alfredo Del Penho), Figurino (Kika Lopes e Heloísa Stockler) e Ator em Musical (Adrén Alves).
• VENCEDOR DO PRÊMIO BOTEQUIM CULTURAL nas categorias Melhor Espetáculo, Direção
(Luiz Carlos Vasconcelos), Autor (Braulio Tavares), Ator (Ádren Alves), Direção Musical e
Figurino
• VENCEDOR DO PRÊMIO SHELL nas categorias Melhor Música (Chico César, Beto Lemos e
Alfredo Del Penho), Figurino (Kika Lopes e Heloísa Stocker) e Melhor Autor (Braulio Tavares).
• VENCEDOR DO PRÊMIO APTR nas categorias de melhor Autor (Braulio Tavares), Ator
coadjuvante – (Fábio Enriquez), Música (Alfredo Del-Penho, Beto Lemos e Chico Cesar), e Figurino (Kika Lopes e Heloísa Stockler).
• MELHOR ESPETÁCULO pelo júri do Guia da Folha de S. Paulo